Tudo sobre Elon Musk
Os acionistas da Tesla vão decidir o futuro de Elon Musk na empresa nesta quinta-feira (7). Em votação marcada para a reunião anual da companhia, eles vão analisar um pacote de remuneração avaliado em quase US$ 1 trilhão (cerca de R$ 5,7 trilhões), que pode ampliar o poder de Musk sobre a companhia. E definir se ele continua ou não no comando.
A proposta bilionária divide investidores e especialistas. Enquanto o conselho da Tesla defende que o plano é essencial para manter Musk “motivado e focado em grandes metas”, críticos afirmam que ele representa um risco de concentração excessiva de poder, numa empresa já altamente dependente de seu CEO.
Pacote trilionário em votação: o futuro de Elon Musk na Tesla
A reunião anual da Tesla deve definir se Elon Musk continuará com poder reforçado sobre a empresa que comanda desde 2008.

Os acionistas vão votar um plano de remuneração que, além de garantir a Musk ganhos quase trilionários em ações, ampliaria sua participação em decisões estratégicas.
O resultado pode selar tanto o fortalecimento de Musk na Tesla quanto o início de uma nova fase de incertezas na governança da empresa.
O que vai ser votado
O plano que será analisado pelos acionistas prevê um pacote de ações a ser distribuído a Musk ao longo de dez anos, caso ele atinja uma série de metas ambiciosas.
Entre elas, estão:
- Aumentar o valor de mercado da Tesla de US$ 1,4 trilhão (R$ 75 trilhões) para US$ 8,5 trilhões (R$ 456 trilhões);
- Vender 20 milhões de veículos elétricos;
- Colocar um milhão de robôs humanoides em operação;
- Ter um milhão de robotáxis rodando comercialmente.
O plano também inclui dez milhões de assinaturas do sistema de direção autônoma FSD, considerado um dos pilares da estratégia tecnológica da empresa.
Se alcançasse todos os objetivos, Musk passaria a deter quase 29% das ações da Tesla (você vai entender os riscos disso no final desta matéria).

O pacote é dividido em 12 etapas de compensação, atreladas ao desempenho da empresa. Segundo o conselho, esse formato é uma forma de garantir que o pagamento só ocorra mediante resultados concretos e manter o executivo motivado a longo prazo.
Para a presidente da Tesla, Robyn Denholm, o plano reflete “a escala da visão de Musk”. E reconhece seu papel central na transformação da companhia numa líder de robótica e inteligência artificial (IA).
Críticos, porém, afirmam que o plano vai muito além de um bônus por desempenho. Consultorias como Glass Lewis e ISS Stoxx recomendaram que investidores rejeitem a proposta, alegando que o pacote poderia ser parcialmente concedido mesmo que metas operacionais não fossem cumpridas.
Além disso, destacam que o conselho da Tesla é composto por amigos e familiares de Musk, o que levantaria dúvidas sobre a independência das decisões.
Ainda assim, analistas de mercado esperam que o plano seja aprovado, impulsionado pela forte base de apoio do CEO entre os acionistas individuais.
Como a disputa chegou a este ponto
A escalada começou ainda em setembro, quando a Tesla apresentou o novo plano de remuneração e Musk passou a exigir mais controle sobre a empresa.
Ele afirmou, em reuniões com investidores, que precisava de garantias para seguir à frente dos projetos mais ambiciosos, como o robô humanoide Optimus e a frota de robotáxis autônomos.

O discurso ganhou força durante a divulgação dos resultados trimestrais, quando Musk mencionou o risco de ser “expulso no futuro” se não tivesse poder suficiente para liderar o que chamou de “exército de robôs”.
A presidente do conselho vem reforçando esse argumento desde então. Em carta divulgada recentemente, ela pediu que os acionistas aprovassem o pacote bilionário, alegando que a Tesla poderia perder Musk se ele não se sentisse valorizado.
Paralelamente, grupos de investidores e sindicatos intensificaram a oposição, lançando campanhas como o movimento Take Back Tesla, que acusa o conselho de ser complacente e de criar um precedente perigoso para a governança corporativa.
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O que está em jogo para a Tesla e para Musk
A votação desta quinta vai muito além de um debate sobre remuneração. Ela deve definir o equilíbrio de poder dentro da Tesla e a confiança dos investidores na liderança de Musk.
Se o pacote for aprovado, o executivo consolidará uma fatia próxima de 30% das ações da empresa – o que na prática o tornaria quase imune a decisões contrárias do conselho.

Para aliados, essa estabilidade é necessária para garantir a execução dos planos de longo prazo, que incluem transformar a Tesla numa companhia de robótica, energia e IA (visão que Musk repete como o “verdadeiro futuro da empresa”).
No entanto, se o plano avançar com apoio restrito, sustentado principalmente pelos votos do próprio Musk e de aliados próximos, a reputação da Tesla pode sair abalada.
Analistas ouvidos pelo New York Times dizem que o resultado da votação também vai medir o peso do “mito Musk” entre acionistas individuais, cuja lealdade tem sido essencial para manter o valor da companhia em alta.
Como resumiu a professora Ann Lipton, da Universidade do Colorado, “essa eleição é mais do que sobre dinheiro – é sobre o quanto os acionistas ainda acreditam que Elon Musk e a Tesla são inseparáveis”.
