A Polícia Federal prendeu preventivamente o ex-presidente Jair Bolsonaro nas primeiras horas deste sábado (22), em cumprimento a uma ordem autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão interrompe a prisão domiciliar que vinha sendo cumprida pelo ex-chefe de Estado, motivada por indícios de violação das condições impostas.

De acordo com a PF, Bolsonaro não resistiu à detenção: Foto/Reprodução
De acordo com a PF, Bolsonaro não resistiu à detenção. O mandado de prisão surge após uma notificação, registrada por volta de 0h08, de violação da tornozeleira eletrônica usada por ele, segundo relato encaminhado ao gabinete de Moraes pelo Centro de Monitoração Integrada do Distrito Federal. Para o ministro, esse episódio, somado a outros elementos reunidos pelo STF, sinaliza um risco real de fuga.
Entre os fatores apontados para justificar a prisão está a convocação de apoiadores promovida pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na noite anterior. Moraes entendeu que a vigília em frente ao condomínio onde Bolsonaro residia poderia dificultar a fiscalização das medidas cautelares.
Outro ponto levantado pelo magistrado foi um plano anterior, identificado durante a investigação que levou à condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado: a possibilidade de busca de asilo político na embaixada da Argentina — localizada próxima à sua residência. Segundo o ministro, não seria descartada a repetição de estratégias de fuga já estudadas.
Moraes também destacou que alguns aliados de Bolsonaro, como os deputados Alexandre Ramagem, Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro, deixaram o Brasil recentemente, o que reforçaria o risco de evasão. O ministro citou ainda um vídeo publicado por Flávio Bolsonaro, que, conforme a decisão, encorajava o desrespeito às instituições democráticas e às ordens judiciais.
A prisão foi efetivada por volta das 6h. Logo em seguida, Bolsonaro foi conduzido à superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, onde chegou por volta das 6h35. Ele ficará em uma Sala de Estado, estrutura reservada para autoridades com perfil de segurança elevado.
Embora a nova prisão não esteja diretamente relacionada à condenação por tentativa de golpe, Moraes considerou a medida indispensável para garantir que Bolsonaro cumpra as determinações judiciais e para evitar novas infrações.