O deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos-MG) foi alvo de mandado de busca e apreensão nesta quinta-feira (13/11) durante a nova fase da Operação Sem Desconto, realizada pela Polícia Federal em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU). A ação investiga fraudes no esquema conhecido como “Farra do INSS”, envolvendo descontos indevidos em benefícios previdenciários.

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Pettersen é apontado como porta-voz político da Conafer, entidade no centro das investigações. Segundo a PF, o parlamentar enviou emendas ao Instituto Terra e Trabalho (ITT), ONG ligada à Conafer, enquanto negociava a venda de uma aeronave para o presidente da organização. Parte dos recursos enviados por ele ao ITT acabou destinada a empresas conectadas ao próprio núcleo da Conafer, por meio de licitações supostamente simuladas.
O valor gasto pela entidade na compra da aeronave — e sua posterior revenda para um secretário da Conafer com perfil incompatível — levantou suspeitas sobre possíveis irregularidades e o uso de “laranjas”.
Arte Metrópoles
As emendas, a aeronave e as suspeitas
Pettersen destinou duas emendas ao ITT:
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R$ 1,5 milhão em 2022,
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R$ 1 milhão em 2023,
ambas para capacitação de produtores e inseminação bovina em Minas Gerais.
Entre essas movimentações, o deputado vendeu um avião Cessna 172RG por R$ 400 mil ao presidente do ITT, Vinícius Ramos da Cruz. Em 2025, o mesmo avião foi transferido para Silas da Costa Vaz, secretário da Conafer que há poucos anos recebia Auxílio Emergencial e hoje vive na periferia de Brasília — reforçando a suspeita de que seria um laranja. Ele afirma não lembrar de ter comprado aeronave ou assinado documentos.
Pettersen nega irregularidades e diz que não controla processos licitatórios das entidades beneficiadas.
Como funcionava o esquema de licitações
Segundo as investigações, a Conafer utilizava o ITT para operacionalizar convênios públicos e conduzir licitações que, na prática, eram simuladas. Entre as empresas beneficiadas estava a Agropecuária PKST LTDA, ligada a pessoas próximas à direção da Conafer, que recebeu mais de R$ 2,1 milhões em subcontratos.
A PF identificou empresas “concorrentes” que também pertenciam ao mesmo grupo, indicando manipulação de propostas e possível lavagem de dinheiro por meio da circulação interna dos recursos.
Nova fase da Operação Sem Desconto
A PF e a CGU cumprem:
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63 mandados de busca e apreensão,
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10 mandados de prisão preventiva,
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além de outras medidas cautelares.
Entre os presos desta quinta-feira estão figuras centrais da Conafer e do ITT, incluindo:
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Cícero Marcelino, apontado como assessor do presidente da Conafer,
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Vinícius Ramos da Cruz, presidente do ITT.
As ações ocorrem no DF e em 15 estados, incluindo SP, MG, RS, MA, PR, GO e outros.
O que diz o deputado Euclydes Pettersen
“Recebo a ação com serenidade e respeito às instituições. Nunca tive relação com o INSS ou suas decisões administrativas. Sobre a Conafer, reafirmo que não tenho relação ilícita com a entidade e nunca participei de sua gestão. Defendo investigações rigorosas e confio na PF, no MPF e no STF. Estou à disposição para todos os esclarecimentos.”
Fonte: Metrópoles
✍️ Redigido por ContilNet