No sudoeste da Amazônia, os grandes lagos Rogaguado e Ginebra, revelam evidências da ocupação humana. Sob as pastagens e águas rasas encontram-se sinais de terraplenagens, campos elevados e sistemas de canais complexos.
A região fica dentro da Área Protegida Municipal dos Grandes Lagos Tectónicos de Exaltación, no território da Bolívia. Ela ainda faz parte do complexo de pântanos Río Yata Ramsar, reconhecido pela UNESCO por sua importância ecológica e cultural.

Ocupação humana na floresta data de cerca de 600 a 1400 d.C.
- Através de escavações e de mapeamento LiDAR, cientistas localizaram vários sítios arqueológicos.
- Cada um deles representa um capítulo da longa história de assentamento nesta região.
- As análises apontam que essa ocupação humana data de cerca de 600 a 1400 d.C.
- O trabalho ainda revela como as comunidades remodelaram essas zonas úmidas.
- Descobertas que oferecem lições de sustentabilidade em tempos de desmatamento e crise climática.
- As conclusões foram descritas em estudo publicado na revista Frontiers in Environmental Archaeology.
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Complexo sistema de controle da água e cultivo foi descoberto
De acordo com pesquisadores, um dos sítios descobertos é o de Paquío. As primeiras evidências da presença humana no local datam de por volta de 600 d.C., mas uma ocupação mais intensiva do local só ocorreu entre 1000 e 1200 d.C. Essa conclusão foi possível a partir da descoberta de depósitos de cerâmica e uma elaborada rede de canais e campos elevados associados à agricultura baseada no milho.
Em contraste, o sítio de Jasschaja, datado de 1300 a 1400 d.C., apresenta transformações mais amplas da paisagem e maior diversidade de plantas, apontando para a intensificação do manejo florestal e das culturas. O relevo é composto por valas circulares e quadrangulares, canais de drenagem, campos elevados e aglomerados de montes, formando um sistema de controle da água e cultivo de alimentos.
O estudo aponta que essas terraplenagens foram cuidadosamente projetadas para gerenciar inundações, canalizar água e criar espaços habitáveis e cultiváveis em um ambiente sazonalmente inundado. Sua variedade, de recintos geométricos a plataformas de cultivo alongadas, sugere não um único plano, mas séculos de experimentação local e adaptação às mudanças nas condições ecológicas e sociais.
As escavações também revelaram uma dieta pré-hispânica notavelmente diversificada. Peixes-lobo e tucunaré, além de répteis como jacarés e tartarugas, e mamíferos como capivaras, pacas e tatus eram alimentos nesse período. Além disso, os povos consumiam milho e leguminosas.
Colaboração para o Olhar Digital
Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.