Nova imagem mostra que cauda iônica do cometa 3I/ATLAS não para de crescer 

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Uma nova imagem do cometa 3I/ATLAS revela que a cauda iônica do visitante interestelar cresceu de forma notável e se tornou mais estruturada, o que sugere que ele se torna mais ativo enquanto percorre o interior do Sistema Solar.

A captura foi feita pelo Projeto Telescópio Virtual, um serviço do Observatório Bellatrix, na Itália, por volta da meia-noite e meia de terça-feira (11). Ela combina 18 exposições de 120 segundos, obtidas remotamente por telescópios robóticos em Manciano. Mesmo estando a apenas 14 graus acima do horizonte leste e com a Lua 61% iluminada a cerca de 70 graus, a cauda iônica brilhante aparece com clareza na imagem.

O cometa interestelar 3I/ATLAS capturado pelo Projeto Telescópio Virtual no início a madrugada de 11 de novembro de 2025, mostrando um núcleo brilhante e uma cauda iônica bem definida. Crédito: Gianluca Masi/Projeto Telescópio Virtual

Em um comunicado, Gianluca Masi, astrônomo responsável pelo projeto, destacou que o clima excepcional permitiu registrar a cauda iônica de forma muito mais desenvolvida que antes. Ele ressaltou que a nova imagem mostra a evolução do cometa em detalhes impressionantes.

A cauda iônica se forma quando a radiação ultravioleta do Sol arranca elétrons das moléculas de gás liberadas pelo cometa, criando íons. O vento solar arrasta esses íons, formando uma cauda azulada que aponta sempre para longe do Sol, diferente da cauda de poeira, amarelada e curvada ao longo da órbita.

A imagem acima, registrada em março de 1997, mostra o cometa Hale-Bopp com duas caudas distintas. A cauda iônica azul é formada por moléculas de gás ionizadas, como o monóxido de carbono, que emitem brilho azul ao recuperar elétrons. Ela surge da interação entre o vento solar e o gás do cometa, apontando diretamente para longe do Sol. Já a cauda branca, de poeira, é composta por partículas expelidas pela luz solar. Crédito: John Gleason via APOD NASA

Na imagem, o núcleo brilhante do cometa está cercado por uma coma compacta e por uma cauda iônica que se estende cerca de 0,7 grau no céu. Uma tênue anticauda também é visível, formada pela poeira que segue a órbita do cometa. O registro indica aumento da atividade em relação a observações anteriores.

3I/ATLAS é o terceiro objeto interestelar confirmado, depois do asteroide 1I/’Oumuamua, em 2017, e do cometa 2I/Borisov, em 2019. Diferente dos antecessores, ele é brilhante o suficiente para estudo detalhado por telescópios na Terra, oferecendo aos astrônomos uma oportunidade rara de observar seu comportamento sob a influência do Sol.

O 3I/ATLAS registrado em 9 de novembro de 2025, mostrando estruturas incomuns na cauda. A captura foi possível ​​apesar da interferência da luz da Lua (82% iluminado) e de uma pequena altura de cerca de 9 a 12 graus. Crédito: Frank Niebling via Spaceweather.com

O crescimento da cauda indica que gases voláteis, como dióxido de carbono, e poeira estão sublimando com mais intensidade. Isso sugere que o cometa possui grande quantidade de gelo de CO₂, oferecendo pistas sobre seu sistema de origem e sobre a evolução de cometas fora da vizinhança solar.

O Projeto Telescópio Virtual continuará monitorando o 3I/ATLAS enquanto ele atravessa o Sistema Solar interno tomando o rumo de casa (seja onde ela for). Na próxima segunda-feira (17), a plataforma vai fazer uma transmissão ao vivo da observação do cometa interestelar, a partir da 1h15 da manhã, no YouTube.

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Embora o achado tenha despertado rumores sobre uma possível origem tecnológica alienígena, especialistas garantem que a explicação é totalmente natural. Saiba mais aqui.