Por mais que o presidente Lula e figuras internacionais como o príncipe William estejam na lista de presenças ilustres da COP30, quem deve roubar a cena em Belém é uma acreana: Marina Silva.
A ministra do Meio Ambiente chega ao evento com o protagonismo que construiu ao longo de décadas, desde os tempos em que lutava ao lado de Chico Mendes, e que agora se consolida no maior palco global das discussões climáticas.
Antes mesmo da abertura oficial da conferência, que acontece nesta segunda-feira, Marina já era o principal nome das agendas pré-COP. Foi ela quem articulou encontros, alinhou discursos e comandou tratativas com representantes internacionais e da sociedade civil. Enquanto outras pastas se dividiam entre compromissos protocolares, Marina esteve no centro das conversas que definiram a pauta ambiental brasileira para o evento.
E o reconhecimento veio neste domingo. Em uma agenda no estande do Comitê Chico Mendes, em parceria com o Instituto Banco do Brasil, Marina foi ovacionada por centenas de pessoas: ambientalistas, lideranças indígenas, pesquisadores e militantes, que veem nela não apenas uma ministra, mas uma referência de coerência e persistência. A cena foi simbólica: no coração da Amazônia, a mesma mulher que saiu do seringal para o mundo voltou a ser celebrada como a voz que representa a floresta.
A COP30 é, oficialmente, do Brasil. Mas, na prática, será de Marina. E o Acre, de onde ela saiu e para onde sempre voltou em suas falas e causas, também vai estar lá, nas lembranças, nas bandeiras e, sobretudo, no protagonismo de quem sempre acreditou que proteger a Amazônia não é um tema de governo, mas de sobrevivência.
Um governo de equilíbrio
Embora o governo de Gladson Cameli seja identificado como um governo de direita, o governador tem demonstrado sensibilidade e compromisso com as pautas ambientais. Gladson sabe a importância de discutir o tema e já declarou publicamente, em diversas ocasiões, que o desenvolvimento sustentável é uma prioridade de sua gestão.
Prova disso é que o Acre chega à COP30 com uma delegação robusta e preparada para se destacar no evento. A Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), o Instituto de Mudanças Climáticas e Regulação de Serviços Ambientais (IMC), a Secretaria Extraordinária dos Povos Indígenas (Sepi) e a Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri) representam o Executivo acreano na conferência, que reúne lideranças e autoridades de todo o mundo.
O próprio governador Gladson Cameli também estará presente, acompanhado de sua equipe, para apresentar as políticas implementadas no estado e detalhar metas e estratégias de mitigação da crise climática, realidade que já afeta diretamente o Acre, marcado por longos períodos de seca e enchentes severas.
O jogo começou!
O tabuleiro da sucessão estadual no Acre começou, oficialmente, a se mover. No final de semana, o senador Alan Rick selou de vez sua entrada no Republicanos, em um evento que lotou o Ginásio do SESI, em Rio Branco. O ato político marcou mais do que uma simples troca de partido, foi o primeiro grande movimento concreto de quem quer disputar, de fato, o governo do estado em 2026.
Com discurso afinado e apoio de lideranças locais e nacionais da legenda, Alan Rick fez uma demonstração de força que não passou despercebida. O ginásio cheio, o tom de candidatura e a simbologia do evento indicam que o jogo pelo Palácio Rio Branco começou, e começou pra valer.
A ida de Alan para o Republicanos vinha sendo construída há meses, em conversas discretas, alinhamentos de bastidores e costuras com a direção nacional do partido. Agora, a movimentação ganha forma pública e se consolida como o primeiro grande passo de um projeto que busca unir setores da direita e do centro em torno do nome do senador, que tem base sólida no eleitorado evangélico e trânsito em Brasília.
O nome dos evangélicos
Alan Rick deve consolidar um dos maiores trunfos de sua pré-candidatura: o apoio maciço do segmento evangélico. Integrante atuante da bancada evangélica no Senado, o agora filiado ao Republicanos tem tudo para reunir boa parte desse público nas eleições de 2026.
A base já começa a se formar. Alan conta com o apoio oficial do pastor Agostinho Gonçalves, líder da Igreja Batista do Bosque, uma das mais influentes do Acre, e da deputada Antonia Lúcia, também do Republicanos, pastora da Assembleia de Deus de Madureira. Os dois representam forças expressivas entre as lideranças religiosas do estado.
Além disso, há articulações para ampliar esse grupo com nomes de peso no meio evangélico, como os ex-deputados Wagner Felipe e Antônio Pedro, ambos pastores e figuras reconhecidas por sua atuação junto às igrejas.
Prego batido!
Ainda não é oficial, mas dentro da direção do MDB o clima é de consenso: o partido deve mesmo apoiar a candidatura de Mailza Assis ao governo do Acre. As conversas avançaram e a sigla já trabalha nos bastidores com a perspectiva de estar ao lado da atual vice-governadora na disputa de 2026.
O MDB enxerga na aliança uma oportunidade de voltar a ocupar espaço de protagonismo, aquele que só o Palácio Rio Branco pode proporcionar. A expectativa é garantir participação direta na formação do futuro governo, com indicações para secretarias estratégicas e, principalmente, o nome do vice na chapa.
O ex-prefeito Wagner Sales, principal liderança emedebista no estado, tem plena noção do que está por vir. Sabe que, nos próximos meses, Mailza deve assumir a caneta do Executivo, o que reforça ainda mais o peso político dela e a importância de o MDB estar por perto.
Legislativo do MDB dividido
Enquanto os dois deputados estaduais da sigla na Aleac: Antônia Sales e Tanízio Sá estão firmemente alinhados à vice-governadora e integram a ala que defende o nome dela ao governo, o cenário é bem diferente na Câmara de Rio Branco.
Por lá, os três vereadores emedebistas: Nenem Almeida, Eber Machado e Fábio Araújo, estão a um passo de embarcar no projeto de Alan Rick, recém-filiado ao Republicanos e já articulando alianças para 2026.
Nos bastidores, o racha é evidente: o MDB do Legislativo está dividido entre a força de Mailza no Palácio e o poder de mobilização de Alan na base política da capital. E, pelo visto, a disputa pelo coração emedebista promete esquentar antes mesmo de a campanha começar.

