O presidente Lula lamentou que as medidas do Acordo de Paris não foram suficientes para impedir o aumento da temperatura média do planeta a níveis críticos. A afirmação foi feita nesta sexta-feira (7) durante a Cúpula do Clima em Belém do Pará, diante de presidentes e líderes de mais de 100 países, na abertura de uma mesa temática que trata justamente do Acordo assinado há dez anos, como resultado da COP21.
Apesar das medidas acordadas entre os países signatários, a temperatura média do planeta segue crescendo a cada ano. Por isso, o presidente brasileiro afirmou que as nações não estão fazendo o melhor possível para conter a crise climática, e defendeu que o Acordo de Paris seja atualizado com novas medidas.
“No que depender do Brasil, Belém será o lugar onde renovaremos nosso compromisso com o Acordo de Paris. Isso significa não apenas implementar o que já foi acordado, mas também adotar medidas adicionais capazes de preencher a lacuna entre a retórica e a realidade.”
Uma das medidas adicionais que o presidente Lula propôs para combater a crise climática é cobrar dos mais ricos a responsabilidade pelo aquecimento do planeta.
“Segundo o Oxford, um indivíduo pertencente ao 0,1% mais rico do planeta emite, em um único dia, mais carbono do que os 50% mais pobres da população mundial durante o ano inteiro. É legítimo exigir dessas pessoas uma maior contribuição. O imposto mínimo sobre as corporações multinacionais e a tributação do patrimônio de super-ricos podem gerar recursos valiosos para a ação climática.”
Lula também criticou a forma como o financiamento climático é feito atualmente, que reforça a lógica de enriquecimento dos países desenvolvidos enquanto aumenta a dívida dos países em desenvolvimento.
“A maioria dos recursos ainda é oferecida sob forma de empréstimo. Não faz sentido – ético ou prático – demandar a países em desenvolvimento que paguem juros para combater o aquecimento global e fazer frente a seus efeitos. Isso representa um financiamento reverso, fluindo do Sul para o Norte global. Instrumento de troca de dívida por ações climáticas já se provaram viáveis. O enfrentamento da mudança do clima deve ser visto como um investimento, não como um gasto.”
Defesa do multilateralismo
Ao propor a ampliação do Acordo de Paris para tornar mais eficiente o enfrentamento à crise climática, o presidente Lula disse ainda que a Terra é uma só, e defendeu que só há salvação para o planeta dentro do multilateralismo, com esforço coletivo de todos os países para o bem de todos.

