Nesta segunda-feira, foi aberta oficialmente a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, a COP30, no coração da Floresta Amazônica, em Belém. Na Zona Azul, no Plenário Amazônia, o embaixador André Corrêa do Lago assumiu oficialmente a presidência da COP30.
Em inglês, ele declarou aberta a conferência do clima, seguida por um ritual do povo indígena Guajajara, do Maranhão: “Distintos delegados, eu agora declaro aberta a 30ª sessão da Conferência das Partes eleito como presidente dela”, disse.
Depois de evocarem a ancestralidade indígena, foi a vez de saudar a ancestralidade negra. A cantora Fafá de Belém fez uma apresentação ao lado da ministra da Cultura, Margareth Menezes.
Durante o discurso de abertura, o presidente da COP30 destacou que a ciência, a educação e a cultura são um caminho. Mas no percurso do combate à mudança do clima, o multilateralismo é fundamental, inclusive na redução dos impactos climáticos.
“Pro combate à mudança do clima, o multilateralismo é definitivamente um caminho. O Protocolo de Montreal conseguiu eliminar 95% dos gases que provocavam o buraco da camada de ozônio, que agora está se reconstituindo. O Acordo de Paris, há 10 anos atrás, foi num momento em que estava previsto que ultrapassaríamos 4 graus de temperatura. E hoje sabemos que reduzimos bastante, mas também sabemos que temos que trabalhar muito para reduzir mais”, disse.
Também presente na cerimônia, o presidente Lula deu boas-vindas às delegações e homenageou o povo do Pará, a quem se referiu como “homens e mulheres alegres e educados” que vão cuidar dos visitantes como jamais foram cuidados. Lula destacou que as mudanças climáticas são uma emergência que intensificam as desigualdades sociais:
“A emergência climática é uma crise de desigualdade. Ela expõe e exacerba o que já é inaceitável. Ela aprofunda a lógica perversa que define quem é digno de viver e quem é digno de morrer. Mudar pela escolha nos dá a chance de um futuro que não é ditado pela tragédia. O xamã yanomami, Davi Kopenawa, diz que o pensamento na cidade é obscuro e fumaçado, obstruído pelo ronco dos carros e pelo ruído das máquinas”, diz.
O presidente Lula voltou a fazer críticas às guerras e conflitos pelo mundo, que gastam recursos que poderiam ser destinados à transição energética e no combate à emergência climática. E aproveitou a presença das delegações para fazer três apelos pelo clima:
“Faço um apelo para que os países cumpram os seus compromissos, formulem e implementem as contribuições nacionalmente determinadas ambiciosas. Conclamo os líderes mundiais a acelerar a ação climática, para que a humanidade, de forma justa e planejada, supere a dependência dos combustíveis fósseis e reverta o desmatamento, e mobilize os recursos para esses fins. Convoco a comunidade internacional a colocar as pessoas no centro da agenda climática. O aquecimento global pode empurrar milhões de pessoas para a fome e a pobreza”, diz.
Lula também destacou que a COP 30 vai ser a COP da verdade, contra o negacionismo científico.
“A COP 30 será a COP da verdade. Na era da desinformação, os obscurantistas rejeitam não só a evidência da ciência, mas também os progressos do multilateralismo. Eles controlam algoritmos, semeiam o ódio, espalham o medo, atacam as instituições, a ciência e as universidades. É momento de impor uma nova derrota aos negacionistas”, diz.
Ainda no discurso no plenário Amazônia, o presidente cobrou agilidade na agenda climática e disse que, “estamos andando na direção certa, mas na velocidade errada”. Lula destacou, ainda, que as mudanças climáticas intensificam as desigualdades sociais e têm impacto maior sobre mulheres, afrodescendentes, migrantes e grupos vulneráveis.

