A Justiça Federal no Amazonas condenou, nesta semana, quatro investigados da Operação Xingu — ação deflagrada pela Polícia Federal em 2023 para combater crimes ambientais e grilagem no Sul do Amazonas. Entre os sentenciados está Amair Feijoli da Cunha, conhecido por ter sido condenado pelo assassinato da missionária americana Dorothy Stang, ocorrido em 2005, no Pará.
As condenações envolvem crimes como integrar organização criminosa, invasão de terras públicas, desmatamento, falsidade ideológica e posse irregular de arma de fogo. O grupo atuava em áreas localizadas entre os municípios de Boca do Acre e Lábrea (AM), mas parte das investigações também se conectou a denúncias feitas no Acre, especialmente em Sena Madureira.
Amair Feijoli da Cunha/Foto: Reprodução
Segundo a decisão, Amair Feijoli foi condenado a 9 anos de prisão e ao pagamento de 220 dias-multa. O filho dele, Patrick Coutinho da Cunha, recebeu pena de 12 anos e 8 meses de prisão, além de 214 dias-multa. Já José Admir Ferreira foi sentenciado a 12 anos e 9 meses de prisão e 190 dias-multa. Alexandre Alcantra Costa, por sua vez, recebeu pena de 6 anos e 4 meses, com 130 dias-multa.
Polícia fez operação no Acre e Amazonas contra crimes ambientais/Foto: Ascom/PF-AC
A Justiça também fixou o valor mínimo de R$ 20,71 milhões para a reparação dos danos ambientais provocados pelos desmatamentos identificados ao longo da investigação. As penas ainda podem ser recorridas no Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
Conexões com o Acre e origem das investigações
As apurações tiveram início após denúncias feitas por extrativistas da Floresta Estadual do Antimary, no Acre, que relataram invasão de terras públicas, abertura de áreas para pecuária e ameaças feitas por posseiros da Fazenda Canaã, área inserida em gleba federal na região de Sena Madureira. O desmatamento local chegou a 598 hectares, gerando prejuízo estimado em cerca de R$ 18 milhões.
Esses relatos resultaram também na Operação Terra Prometida, que investigou crimes como desmatamento, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. A Operação Xingu, por sua vez, mirou diretamente o esquema que atuava no Sul do Amazonas, destruindo cerca de 800 hectares de floresta em 2022 — dano calculado em mais de R$ 17 milhões.
Entre os alvos presos estava um dos condenados pela morte de Dorothy Stang e seu filho, que também tinha mandado de prisão expedido pela Justiça de Sena Madureira por tentativa de homicídio.
A sentença completa está disponível na Ação Penal nº 1038592-31.2023.4.01.3200.