Morreu nesta segunda-feira (17/11), no Rio de Janeiro, o músico Jards Macalé, aos 82 anos. A informação foi divulgada pelas redes sociais do artista. Internado em um hospital na Barra da Tijuca para tratar um enfisema pulmonar, Macalé sofreu uma parada cardíaca nesta manhã e não resistiu.
“Jards Macalé nos deixou hoje. Chegou a acordar de uma cirurgia cantando Meu Nome é Gal, com toda a energia e bom humor que sempre teve. Cante, cante, cante. É assim que sempre lembraremos do nosso mestre, professor e farol de liberdade. Agradecemos, desde já, o carinho, o amor e a admiração de todos. Em breve informaremos detalhes sobre o funeral”, diz a nota publicada no perfil do artista.
Trajetória
Carioca da Tijuca e criado entre o samba do Morro da Formiga e a música erudita tocada pelos pais, Jards Macalé cresceu em meio a referências diversas que moldaram seu estilo híbrido.
O apelido “Macalé” nasceu ainda na juventude: colegas passaram a chamá-lo assim em referência bem-humorada ao então pior jogador do Botafogo, já que Jards assumia não ter nenhum talento com a bola. O nome pegou, virou marca artística e o acompanhou por toda a carreira.
Macalé estudou com nomes como Guerra Peixe e Turíbio Santos e começou a carreira nos anos 1960, aproximando-se de figuras como Vinícius de Moraes e Maria Bethânia, de quem foi diretor musical. Tornou-se um ícone da contracultura ao participar do Festival Internacional da Canção, em 1969, com Gotham City, parceria com Capinam que o projetou nacionalmente.
Embora não fizesse parte oficial do grupo tropicalista, Macalé manteve colaboração intensa com artistas do movimento e ajudou a moldar a estética de ruptura da época. Seu trabalho experimental dialogava diretamente com a Tropicália, aproximando-o de nomes como Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Waly Salomão e Torquato Neto.
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Cantor e compositor Jards Macalé
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Cantor e compositor Jards Macalé
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Ao longo das décadas, construiu uma obra marcada pelo experimentalismo, pelo diálogo com o cinema — assinando trilhas para Nelson Pereira dos Santos, Joaquim Pedro de Andrade e Glauber Rocha — e por parcerias com nomes como Waly Salomão, Torquato Neto e Moreira da Silva.
Autor de clássicos como Vapor Barato, foi produtor e violonista de Transa, álbum fundamental de Caetano Veloso. Inquieto, transitou entre samba, rock, música contemporânea e poesia marginal, mantendo até os últimos anos uma produção intensa, premiada e reverenciada por diferentes gerações. Além de Vapor Barato, seus maiores sucessos incluem Movimento dos Barcos, Soluços, Mal Secreto e Farinha do Desprezo.

