Um novo mapa digital colaborativo revela 299.171 quilômetros de estradas que conectavam o Império Romano das Ilhas Britânicas ao Oriente Médio por volta de 150 d.C. Chamado Itiner-e, o projeto traz à luz o famoso sistema de rodovias usado para o transporte de pessoas e mercadorias, que, até então, era pouco mapeado por pesquisadores.
A iniciativa foi liderada pelo Dr. Tom Brughmans, da Universidade de Aarhus, na Dinamarca. Segundo ele, o método de digitalização se baseou em uma variedade de dados históricos e arqueológicos, incluindo documentos cartográficos, evidências de marcos históricos, resumos histórico-geográficos e imagens de satélite modernas e históricas. As descobertas foram publicadas na revista Scientific Data.
“Estávamos basicamente jogando um jogo de ligar os pontos em escala continental”, disse o autor do estudo ao site IFLScience. “Os arqueólogos tendem a escavar locais pontuais, então, quando encontram um marco quilométrico ou uma cidade antiga, escavam ao redor – mas ninguém escava estradas.”

Novos caminhos
O Atlas Barrington do Mundo Grego e Romano ainda é considerado o mapa rodoviário antigo mais completo desde sua publicação, há 25 anos, segundo a reportagem. O novo mapa é uma versão aprimorada do atlas, com mais detalhes e uma extensão cerca de 110.000 quilômetros maior do que as estimativas anteriores sugeriam.
Além disso, o projeto supera limitações do atlas ao adaptar as rotas aos contornos geográficos reais — assim, as estradas seguem caminhos sinuosos em áreas de montanha, e não linhas retas. “Foi uma surpresa total que nosso mapa tenha adicionado mais de 100.000 quilômetros de estradas”, diz Brughmans. “Isso é mais de três voltas ao mundo. É uma loucura.”

Do total de vias mapeadas, cerca de 35% foram classificadas como estradas principais, enquanto os 195.693 quilômetros restantes eram usados como rotas secundárias — menos de 3% estão na posição exata, 89% têm baixa precisão e 7% são hipotéticas, segundo os autores.
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Revolucionando o conhecimento
Apesar das imprecisões, os autores acreditam que o Itiner-e oferece um guia para futuras escavações de arqueólogos. “O que eu acho realmente empolgante é que esse novo conjunto de dados revolucionará a maneira como estudamos pandemias antigas, migrações em massa e o desenvolvimento de religiões antigas”, explica Brughmans.

“A peste antonina, no século II, começou no Oriente Médio e foi disseminada por soldados romanos, em parte, que se deslocavam por terra, e, portanto, as estradas são cruciais para entendermos o potencial dessa doença para infectar grandes centros populacionais.”
O Itiner-e permite criar itinerários entre locais antigos, explorar o tempo que cada viagem levou e os diferentes meios de transporte que poderiam ter sido utilizados. A ferramenta atual está em versão beta e aguarda desenvolvimento adicional antes do lançamento da versão final. Você pode acessá-lo por aqui.
