Família acusa administração de cemitério em Rio Branco por violação de sepultura: “Nosso pai sumiu”

Filho afirma que, ao visitar o túmulo no Dia de Finados, encontrou outra pessoa sepultada no local

Uma família de Rio Branco vive momentos de indignação e incerteza após descobrir que o túmulo onde estava sepultado José Vilemar de Aguiar, falecido há mais de três anos, teria sido violado e ocupado por outro corpo sem autorização.

O caso veio à tona no último Dia de Finados, quando o filho de José, Gleison Aguiar, foi até o Cemitério Jardim da Saudade para prestar homenagens ao pai. Ao chegar ao local, ele se deparou com a sepultura danificada, parte da estrutura quebrada e uma nova foto fixada sobre o túmulo de, João Vitor, recentemente sepultado.

A família afirma possuir a documentação de propriedade do jazigo, adquirida pela avó de Gleison na década de 1990 | Foto: Cedido

“A gente chegou lá e viu que o túmulo tinha sido violado. Tinha a foto do João Vitor. O meu pai tinha sido sepultado ali há três anos e dois meses. Nós ficamos sem chão. Ninguém avisou nada, ninguém explicou nada”, contou Gleison em entrevista à ContilNet.

Segundo ele, a família procurou imediatamente a administração do cemitério para entender o que havia acontecido, mas a situação gerou confusão. “Disseram que a gente estava mentindo. Aí mostramos as fotos de dezembro do ano passado e as atuais, e ficou claro que o túmulo tinha sido aberto. A administração não sabia dizer o que havia sido feito”, relatou.

Além da dor da perda, a família agora enfrenta a incerteza sobre onde estão os restos mortais de José Vilemar. “Eles dizem que está tudo lá, mas como abriram antes dos cinco anos e sem comunicação, ninguém tem certeza de nada. Isso é uma violação de túmulo, é crime”, disse Gleison, que trata de um tipo de infração.

O filho informou que procurou a Delegacia de Polícia e também a Defensoria Pública do Acre, que teria entrado em contato com a administração do cemitério para apurar o caso.

“Não temos nada contra a família do João Vitor, porque eles também foram lesados. O erro é da administração. Falta respeito com os mortos e com as famílias”, desabafou.

A família afirma possuir a documentação de propriedade do jazigo, adquirida pela avó de Gleison na década de 1990.

Manifestação do responsável cemiterial

Em entrevista ao ContilNet, o diretor operacional e cemiterial de Rio Branco, Anderson Santana, confirmou que a Secretaria Municipal de Cuidados com a Cidade foi informada sobre o caso e que já há um procedimento formal em andamento.

“Sou responsável pela diretoria operacional, que também cuida do departamento cemiterial. No Dia de Finados, estávamos com cerca de 40 mil pessoas circulando nos cemitérios da capital, e só tomamos conhecimento da situação na segunda-feira seguinte. A orientação foi para que as famílias envolvidas procurassem a administração e formalizassem um pedido de esclarecimento”, explicou Anderson.

De acordo com o diretor, a Defensoria Pública do Estado do Acre entrou oficialmente no caso, solicitando informações detalhadas sobre o ocorrido.

“Na última sexta-feira, recebemos um documento da Defensoria pedindo esclarecimentos sobre os fatos e os servidores envolvidos. Estamos fazendo um levantamento completo e devemos encaminhar as informações até a próxima semana”, afirmou.

Questionado sobre rumores de que o terreno do túmulo teria sido revendido, Anderson negou ter conhecimento dessa prática.

“Essa informação chega agora para nós. Não há venda de lotes, todos já pertencem a famílias. O que sabemos, de fato, é que uma família denunciou violação de sepultura. As demais hipóteses só poderão ser confirmadas após a conclusão da investigação”, pontuou.

Santana ainda destacou que qualquer confirmação sobre erro de sepultamento ou deslocamento de restos mortais depende de autorização judicial ou pedido formal de exumação, o que, até o momento, não foi solicitado pela família, segundo ele.

“A forma legal de esclarecer o que realmente aconteceu seria por meio de uma exumação. A Defensoria pode requisitar isso, e nós estamos à disposição para colaborar com todas as etapas”, concluiu.

O caso segue sob análise da Defensoria Pública e também será acompanhado pela Diretoria operacional e Cemiterial.