Elenco comenta adaptação de O Filho de Mil Homens para a Netflix

O Filho de Mil Homens, adaptação da Netflix para o livro de Valter Hugo Mãe, estreia em 19 de novembro. No filme, Antonino aparece em duas fases: vivido por Antonio Haddad na juventude e por Jhonny Massaro na vida adulta, em uma leitura que ajusta o personagem ao olhar do diretor Daniel Ribeiro.

Antonio Haddad, de 18 anos, conta que só teve contato com o autor ao receber o convite para o teste. A leitura o pegou de surpresa. “Foi muito tocante e impressionante”, diz.

Massaro, por outro lado, já acompanhava a obra de Valter Hugo Mãe. “Hoje eu provavelmente já tenho toda a livrografia dele. O Filho de Mil Homens foi o segundo livro que eu li do Valter.” Ele também comenta a adaptação. “Acho que, de alguma forma muito impressionante, o Dani [Daniel Rezende] conseguiu realmente captar alguma coisa do buraco do Valter e colocar na tela de cinema.”

A dupla de atores explica que a forma de interpretar Antonino passou por escolhas de contenção. O personagem vive situações difíceis, mas o filme evita exageros dramáticos. “A gente se emociona, faz questão… como é que a gente faz um Valter Hugo Mãe se a gente não está realmente entregue?”, afirma Jhonny.

Segundo eles, a preparadora Estrela Estrada ajudou o elenco a definir quando a emoção deveria aparecer. “Escolhemos os momentos que a lágrima ia cair”, diz Jhonny. “O choro, a maior parte do tempo, estava para dentro. A ideia era conter, conter, conter para quando o momento acontecesse, fosse um desaguar.”

“Cada personagem vai trazer uma responsabilidade”

Na obra, Antonino é um jovem marcado pela sensação de não pertencer ao lugar onde vive. Filho de uma família conservadora, ele cresce ouvindo que é estranho e desajustado, o que alimenta seu isolamento e culpa, sobretudo diante da mãe, Matilde, vivida por Inez Viana na série. No encontro com Crisóstomo e os outros personagens, Antonino encontra pela primeira vez um ambiente onde pode existir sem precisar se justificar.

O trabalho chega para Jhonny logo após Fernando, papel que fez em Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente, da HBO. Assim como o Antonino, o personagem também esbarra em debates sobre preconceito e sexualidade.

“São dois personagens homossexuais que vivem sua sexualidade de forma totalmente distintas… e representam de fato o que muita gente, e eu mesmo em dados momentos, passei na minha vida”, comenta o ator.

Para ele, o filme pode ressoar especialmente entre homens que ainda têm dificuldade de lidar com vulnerabilidade. “Acho que é algo que a gente ainda precisa martelar, argumentar, construir, desconstruir.”

“Acho muito bonito poder eventualmente tecer seu avatar de alguma coisa que possa significar alguma coisa para alguém”, conclui.