A deputada federal Célia Xakriabá (PSol/MG) comparece, neste sábado (1º/11), ao Global Citizen Festival, em Belém, no Pará, usando um visual desenvolvido por ela própria. A parlamentar, do povo Xakriabá, de Minas Gerais, tem a estética como importante forma de representação de sua cultura e identidade, permanecendo conectada à manualidade e espiritualidade que carrega desde as raízes. Vem saber mais!

Das tinturas corporais aos tecidos provenientes da natureza, as roupas usadas pela deputada Célia Xakriabá provam que a moda não se resume à vestimenta comum, sendo, para ela, um ato político e de afirmação de identidade. Ao transitar pelo Congresso Nacional com o corpo pintado de urucum e jenipapo e ostentando o cocar, a deputada estabelece que a estética é inseparável da política.
“Nossa presença no parlamento não chega sozinha. Ela chega com as nossas ancestrais, com a mesma mão que pinta o rosto para a luta e assina leis“, compartilha a parlamentar à coluna. O estilo de Célia é formado por peças confeccionadas pelas mãos de seu povo, utilizando a matéria-prima fornecida pela floresta, como palha, folhas, sementes e fibras.
No Global Citizen Festival: Amazônia, que marca a abertura da COP 30, neste sábado (1º/11), Célia veste mais um traje cheio de referências, criado pela própria deputada. O visual verde é produzido com matérias-primas naturais e tem, nas folhas que complementam o look, inscrições de nomes das vítimas das tragédias de Mariana e Brumadinho, além dos nomes de biomas brasileiros.
Célia Xakriabá contra a moda destrutiva
A parlamentar defende que a indústria deve abandonar a lógica da destruição e do lucro rápido, buscando substituições que respeitem o ciclo da vida. Em vez de couros prejudiciais, por exemplo, ela sugere materiais que valorizam a economia da floresta, como o couro de pirarucu para clutches ou cestos e palhas de buriti transformados em bolsas. Para calçados, o algodão emborrachado feito a partir da seringueira é uma alternativa biodegradável que possui a textura do couro, mas que não destrói o meio ambiente.
Na área de coloração, a moda deve se voltar para os pigmentos naturais. Célia Xakriabá destaca que os povos indígenas usam urucum e jenipapo há séculos, e as empresas devem valorizar o tingimento natural extraído de casca de cebola, açafrão ou, através da inovação indígena, da casca da mandioca, em um processo chamado maniocolo. Ela também ressignifica o valor material ao afirmar que o verdadeiro ouro não está na mineração que destrói rios, mas sim no artesanato indígena.