Siga o Olhar Digital no Google Discover
O Banco Central (BC) decretou a liquidação extrajudicial da Master Corretora nesta terça-feira (18), após identificar irregularidades graves na instituição. A decisão marca o ponto mais crítico da crise que já vinha pressionando o Banco Master.
Além disso, a medida determinou a indisponibilidade dos bens dos controladores e ex-administradores do grupo, enquanto uma empresa especializada passou a cuidar da instituição durante o processo de liquidação.
No centro da preocupação dos investidores está o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), responsável por assegurar o ressarcimento de aplicações elegíveis até R$ 250 mil por CPF. Diante da liquidação, o mecanismo é fundamental.
FGC vira peça central para proteger o dinheiro dos investidores
A crise no Banco Master colocou os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) ofertados pela instituição no centro da preocupação dos credores.

Muitos desses títulos prometiam retornos muito acima do mercado, chegando a 140% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), um patamar considerado irreal. E foram emitidos em larga escala nos últimos anos.
Diante do risco de calote após a liquidação, a atuação do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) torna-se fundamental. O fundo, que já havia emprestado R$ 4 bilhões ao Master, é o responsável por ressarcir investidores até o limite previsto em garantia.
O FGC é uma associação privada, sem fins lucrativos, integrante do Sistema Financeiro Nacional desde 1995. Ele funciona como uma espécie de seguro coletivo mantido pelos próprios bancos.
Funciona assim: todos depositam mensalmente um percentual sobre os produtos cobertos, o que alimenta o caixa que será usado em situações de intervenção ou liquidação.
O objetivo principal do fundo é proteger o capital e a rentabilidade do investidor em renda fixa para que a confiança no sistema financeiro seja mantida mesmo em momentos de crise.
No caso dos clientes do Banco Master, o FGC garante o pagamento de até R$ 250 mil por CPF em investimentos elegíveis, como os CDBs. Para receber, o investidor deve:
- Baixar o aplicativo do FGC;
- Fazer o cadastro;
- Aguardar a lista de credores que será enviada pela instituição liquidada.
O pagamento começa pelos clientes que estiverem com o cadastro atualizado. É um processo que, embora simples, depende do envio formal das informações ao fundo para ser iniciado.
BC decreta liquidação da Master Corretora e interrompe negociações em andamento
O Banco Central oficializou a liquidação extrajudicial da Master Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Imobiliários. A medida encerra imediatamente qualquer operação da instituição e interrompe negociações de venda que estavam em curso.

Entre essas negociações, estava um acordo com a Fictor Holding Financeira, que previa um aporte de R$ 3 bilhões para reforçar o caixa do grupo.
Com a decisão, a administração da corretora passa para a EFB Regimes Especiais de Empresas, nomeada como liquidante extrajudicial com amplos poderes para conduzir o processo.
O BC também designou Eduardo Felix Bianchini como responsável técnico, figura que coordena as etapas operacionais da liquidação e centraliza informações sobre ativos e passivos da instituição.
A indisponibilidade dos bens dos controladores e ex-administradores do grupo decretada pelo BC impede movimentações patrimoniais enquanto a apuração de irregularidades avança.
A lista inclui empresas como a Master Holding Financeira S.A. e 133 Investimentos e Participações Ltda., além de nomes como Daniel Vorcaro (preso nesta terça, aliás), Armando Miguel Gallo Neto e Felipe Wallace Simonsen.
O comunicado emitido pelo BC também orienta que eventuais informações sobre bens em nome da Master sejam enviadas diretamente ao liquidante.
Leia mais:
- OpenAI no vermelho? Vazamento expõe cifras preocupantes da parceria com a Microsoft
- O que é IOF e como isso se relaciona com compras e investimentos?
- Aplicativos para gerenciar carteira de investimento são seguros?
Operação expõe fraude bilionária e leva à prisão do dono do Master
A liquidação do Banco Master está diretamente ligada à Operação Compliance Zero, deflagrada para combater a emissão de títulos de crédito falsos dentro do Sistema Financeiro Nacional.
Segundo as investigações, o esquema pode ter movimentado até R$ 12 bilhões. Como? Por meio da fabricação de carteiras de crédito insubsistentes que eram repassadas a outras instituições e depois substituídas sem avaliação técnica adequada.
As apurações começaram em 2024 e miram crimes como gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa. A PF cumpriu 25 mandados de busca e apreensão em cinco estados e no Distrito Federal.
O caso ganhou dimensão nacional pela combinação de fraudes financeiras, riscos ao sistema bancário e impacto direto sobre milhares de investidores e correntistas do grupo Master.

O ponto mais dramático foi a prisão de Daniel Vorcaro, controlador do banco, detido no aeroporto de Guarulhos enquanto embarcava num avião particular na manhã desta terça.
Para investigadores, ele tentava deixar o país rumo a Malta. A defesa afirma que o destino era Dubai para reuniões com compradores do banco.
Além dele, outros quatro diretores do Master foram presos. Assim, a PF cumpriu seis dos sete mandados de prisão na operação.
(Essa matéria usou informações da Agência Brasil, do G1 e do jornal O Globo.)
