COP30: Brasil criará fundo para transição energética, diz Lula

O Brasil vai criar um fundo para financiar a transição energética de países em desenvolvimento, com recursos da exploração de petróleo. É o que disse, nesta sexta-feira (7), o presidente Lula, na abertura da segunda sessão temática da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém. 

“Um processo justo, ordenado e equitativo de afastamento dos combustíveis fósseis, demanda ou acesso à tecnologia de financiamento para os países do Sul Global. Direcionar parte dos lucros com a exploração de petróleo para a transição energética permanece um caminho válido para os países em desenvolvimento. O Brasil estabelecerá um fundo dessa natureza para financiar o enfrentamento da mudança do clima e promover justiça climática. O mundo precisa de um mapa do caminho claro para acabar com essa dependência dos combustíveis fósseis”. 

O petróleo é um combustível fóssil e uma das principais fontes de energia do mundo. No entanto, a queima dele libera gases poluentes na atmosfera. Por isso, o presidente Lula, diante de líderes mundiais, disse que a Terra “não comporta mais” o uso dessa fonte de energia.

“A Terra não comporta mais o modelo de desenvolvimento baseado no uso intensivo de combustíveis fósseis que vigorou nos últimos 200 anos. 75% das emissões de gás do efeito estufa tem origem na produção e no consumo de energia. Não podemos nos omitir ou intimidar diante da magnitude desse dado”.

Diante de líderes de todo o mundo, o presidente Lula sugeriu a possibilidade de “troca de dívida por financiamento de iniciativas” que amenizem as mudanças climáticas e a transição para energias limpas, o que pode contribuir no combate à pobreza energética. 

“Não haverá segurança energética em um mundo conflagrado. É fundamental combater todas as formas de pobreza energética. 2 bilhões de pessoas não têm acesso a combustíveis adequados para cozinhar. 660 milhões de pessoas dependem de lamparinas ou de geradores a diesel nas periferias das grandes cidades e nas comunidades rurais da América Latina, da África e da Ásia. 200 milhões de crianças frequentam escolas sem acesso à luz elétrica”.

Lula também citou os conflitos mundiais como eventos que vão na contramão dos esforços pelo clima.

“O conflito na Ucrânia reverteu anos de esforços para a redução da emissão de gás de efeito estufa e levou à reabertura de minas de carvão. Gastar com armas o dobro do que destinamos à ação climática é pavimentar o caminho para o apocalipse climático”.

Ainda nesse contexto de energia limpa, Lula disse que é preciso debater a questão dos minerais críticos, como lítio, cobalto e nióbio, usados na fabricação de baterias, por exemplo.

Por fim, Lula defendeu a diversidade de matrizes energéticas, a ampliação de fontes renováveis e a celeridade no uso de combustíveis sustentáveis. Mas para isso, disse que é fundamental que os países assumam alguns compromissos.

“Em primeiro lugar, implementar o Acordo de Dubai de triplicar a energia renovável e de dobrar a eficiência energética até 2030. Em segundo lugar, colocar a eliminação da pobreza energética no centro do debate e incluir metas de cocção limpa e de acesso à eletricidade nos planos climáticos. Em terceiro lugar, aderir ao compromisso de Belém para quadruplicar o uso de combustíveis sustentáveis até 2035 e acelerar a descarbonização dos setores mais desafiadores. Os cientistas já cumpriram o seu papel”.

O presidente Brasileiro também citou o Acordo de Paris, que completa dez anos em 2025. Segundo ele, desde a assinatura desse acordo, “a participação dos combustíveis fósseis na matriz energética global diminuiu apenas de 83% para 80%”.