Ativistas ambientais de países desenvolvidos, que participam da COP30 em Belém do Pará, defendem que as nações ricas sejam responsabilizadas pela crise climática. Essas pessoas promoveram um protesto público no segundo dia da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, exigindo o fim dos combustíveis fósseis, como carvão e petróleo, que são os principais causadores do aquecimento global.
Uma das ativistas, Selma de Montgomery, da Dinamarca, ressaltou que os países ocidentais ricos são justamente os maiores poluidores do passado.
Nós carregamos a responsabilidade histórica por criar a crise climática que, neste exato momento, está afetando comunidades e países ao redor do mundo que não tiveram participação na criação deste problema. E isso é injusto. E isso também significa que temos uma responsabilidade especial de intervir e agir, porque somos a razão de estarmos nesta confusão. E isso significa que devemos entregar ação climática e devemos entregar financiamento climático.
Selma integra um grupo de ativistas que vieram para a COP30 de vários países, a maioria do continente europeu. A percepção dela sobre uma cobrança maior de ações dos países ricos é compartilhada por outra integrante da turma de ativistas, Carla Reemtsma, da Alemanha.
Os países que não são responsáveis pela crise climática são os que estão sendo mais atingidos no momento. Nós estamos nessa Conferência do Clima para garantir que o Norte Global perceba que precisa intensificar o jogo. Que garanta que ao longo dos próximos anos, as metas climáticas serão fortalecidas. Que busque o limite de um grau e meio. E que também elimine gradualmente os combustíveis fósseis, porque esse é o principal motor da crise climática.
A jovem ativista alemã participa pela primeira vez de uma conferência do clima. Ela considera simbólico que esta edição da COP esteja sendo realizada em Belém, cidade rodeada pela maior floresta tropical do mundo…
É realmente importante. Porque o que estamos vendo é que estamos chegando perto de um ponto de inflexão, onde a Amazônia pode se tornar não um sumidouro de carbono, mas na verdade um emissor, liberando mais e mais emissões de carbono, o que seria uma catástrofe em relação à crise climática. Portanto, acho que é um lembrete muito importante para as pessoas que estão aqui que, se estamos falando sobre o planeta, não se trata apenas de negociação de impostos. Não se trata apenas de números e partes por milhão, mas é, na verdade, sobre a natureza, sobre as pessoas neste planeta.
A ativista dinamarquesa Selma, por sua vez, lembrou que já foram realizadas outras 29 COPs – e pouco foi feito para, de fato, interromper a crise climática em curso. No entanto, ela ainda alimenta alguma esperança de que a edição de Belém possa representar um ponto de virada.
A COP como está agora não está funcionando. Mas também é o único espaço que temos onde todos os países se reúnem, onde os ricos poluidores históricos podem olhar nos olhos dos povos que estão pagando o preço por esta crise climática, se encontrarem face a face sobre a mesa, discutir e negociar. Portanto, acho que é importante que continuemos aqui na COP, que continuemos pressionando, que continuemos exigindo ação. Se vai funcionar, eu não sei, mas sei que não temos outra escolha a não ser estar aqui e pressionar por ações concretas.
Apesar de reconhecerem a importância do espaço da Conferência do Clima e defenderem as iniciativas de financiamento climático para os países em desenvolvimento, os ativistas estrangeiros que protestaram em Belém condenaram qualquer novo projeto de exploração de combustíveis fósseis, que consideram inconsistentes com a meta de limitar o aquecimento global em um grau e meio.

