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Como noivado de Taylor Swift influenciou na escolha da palavra do ano

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Como noivado de Taylor Swift influenciou na escolha da palavra do ano

A reação do público ao anúncio do noivado da cantora Taylor Swift e do jogador de futebol americano Travis Kelce é citado como um dos motivos para a escolha do adjetivo “parassocial” como a palavra do ano de 2025, pelo Dicionário de Cambridge.

A palavra é usada para explicar a conexão que alguém sente com uma pessoa famosa que não conhece, um personagem de ficção ou até com uma ferramenta de inteligência artificial.

De acordo com a editora da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, a escolha da palavra se dá pelo aumento da popularidade de assistentes virtuais que podem assumir personalidades e por como as redes sociais intensificam a intimidade entre fãs e ídolos — como Taylor Swift e Travis Kelce.

Cambridge citou o pico das buscas pela palavra em agosto de 2025, logo após o anúncio do noivado de Taylor Swift e Travis Kelce. “A sua professora de inglês e o seu professor da academia vão se casar”, escreveu a cantora na publicação, ao lado de fotos tiradas logo após o pedido de casamento.

A postagem rendeu mais de 40 milhões de interações apenas no Instagram e gerou uma onda de reações dos fãs. Em postagens nas redes sociais, os swifties (como são chamados os fãs da cantora), compartilharam como estavam se sentindo ao descobrirem que Taylor Swift se casaria — um sentimento descrito por muitos como semelhante ao receber a notícia de que uma “grande e antiga amiga” vai se casar.

Na época, a busca pelo termo “parassocial” disparou, como resposta aos fãs que tentavam entender como estavam se sentindo.

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Mas o que leva os fãs a se sentirem desse modo?

O primeiro álbum de Taylor Swift, lançado em 2006, deu início a uma relação singular com os fãs. Com letras confessionais, a cantora contava sobre relacionamentos amorosos, familiares e profissionais. Nos álbuns seguintes, ela compartilhou desilusões amorosas e por muitas vezes falou sobre o sentimento de achar que “finalmente encontrou a pessoa certa” — o que depois se provava errado.

Após quase 20 anos de carreira, 12 álbuns de estúdio e centenas de músicas, os fãs sentem que a conhecem a vibram com a felicidade da cantora. “Se as pessoas sabem os nomes dos gatos de Swift, quantas vezes sua mãe venceu o câncer e quantos relacionamentos ela teve no passado, com alguns deles sendo tóxicos, não é de se admirar que fiquem felizes em saber que ela está noiva”, explica a psicóloga alemã Sonia Jaeger, especialista em analisar relações virtuais.

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Taylor Swift e Travis Kelce

TheStewartofNY/GC Images via Getty Images

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Selena Gomez compartilha bastidores do casamento ao lado de Taylor Swift

Reprodução/Instagram: @selenagomez

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Travis Kelce e Taylor Swift

Patrick Smith/Getty Images

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Selena Gomez compartilha bastidores do casamento ao lado de Taylor Swift

Reprodução/Instagram: @selenagomez

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A produção da artista tem levado fãs de todo o mundo até o museu alemão

Ricardo Rubio/Europa Press via Getty Images

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Travis Kelce #87, do Kansas City Chiefs, comemora com Taylor Swift após a vitória por 17 a 10 contra o Baltimore Ravens em 28 de janeiro de 2024

Patrick Smith/Getty Images

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Selfie de Taylor Swift com os príncipes William, George e Charlotte

@princeandprincessofwales/Reprodução/Instagram

De acordo com a especialista em relações parassociais Sarah Scales, da Faculdade de Ciências Sociais, Mídia, Cinema e Educação da Universidade de Swinburne, na Austrália, Taylor Swift criou uma forte percepção de autenticidade, fazendo com que os fãs achem que realmente a conhecem, e sentem que ela se importa com eles individualmente.

“Para quem não é fã, essa impressão pode não fazer sentido: afinal, ela é uma bilionária intocável que quebrou recordes . Mas esta é uma das maneiras como a parassocialidade funciona: você sente como se a celebridade fosse sua amiga íntima e que se importasse com você”, explica Sarah Scales.

Redes sociais e inteligência artificial

Cambridge cita ainda outros dois debates que impulsionam as buscas pela palavra “parassocial” neste ano. O primeiro é a discussão sobre a ética de influenciadores que se aproveitam das “relações parassociais” com seguidores para oferecer publicidade. A segunda, que teve uma explosão em junho, é sobre o potencial efeito dos chatbots (programas que simulam conversas) de empresas como a Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp) e a OpenAI (do ChatGPT) sobre crianças e saúde mental.

Em setembro de 2025, o Dicionário Cambridge precisou atualizar a definição de parassocial, e passou a incluir a possibilidade de um relacionamento com uma inteligência artificial. “Botbots de IA se juntaram às celebridades como objetos de devoção parassocial”, explica a publicação.

Mesmo com a explosão de buscas neste ano, o termo parassocial existe pelo menos desde o século XIX, usado para explicar a relação que os leitores sentiam com os personagens das obras que estavam lendo. Em 1956, os sociólogos Donald Horton e Richard Wohl, da Universidade de Chicago,  observaram que os telespectadores desenvolviam relações parassociais com personalidades da TV, que eram vistas da mesma forma que amigos ou familiares.

“A palavra parassocial reflete o ambiente de 2025. O que antes era um termo acadêmico entrou na linguagem corrente”, comentou Colin McIntosh, editor do Dicionário de Cambridge.

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