Dias depois da vitória surpreendente do partido “A Liberdade Avança” nas eleições legislativas argentinas, o governo do presidente Javier Milei enfrenta nova turbulência. Na noite dessa sexta-feira (31/10), dois dos ministros mais próximos dele anunciaram renúncia: Guillermo Francos, chefe de gabinete; e Lisandro Catalán, ministro do Interior.
Francos comunicou a decisão por meio de uma carta pública no X, afirmando que os “rumores persistentes sobre mudanças no Gabinete Nacional” motivaram a saída e que desejava permitir que Milei iniciasse uma nova fase de governo, sem obstáculos.
Aliado próximo de Francos, Catalán também se desligou do cargo que ocupava há apenas um mês e meio, mantendo, contudo, o apoio ao governo e aos ideais do partido.
Señor Presidente de la Nación
Ante los persistentes trascendidos sobre modificaciones en el Gabinete Nacional, me dirijo a Usted con el objeto de presentarle mi renuncia al cargo de Jefe de Gabinete de Ministros, para que pueda afrontar sin condicionamientos la etapa de gobierno…
Crise interna no governo Milei
A saída de Francos e Catalán evidencia a disputa interna entre a irmã de Milei, Karina, e o assessor presidencial Santiago Caputo. Enquanto Caputo detém influência significativa no governo, Karina conseguiu colocar aliados em cargos estratégicos, incluindo a substituição de Francos por Manuel Adorni, atual porta-voz da Presidência e aliado próximo da secretária-geral da Presidência.
Adorni assumirá a chefia do Gabinete na próxima segunda-feira (3/11).
As mudanças se somam à renúncia recente do chanceler Gerardo Werthein, substituído pelo economista Pablo Quirno. Elas ocorrem em um momento em que o governo Milei ainda tenta organizar a distribuição de cargos após o êxito eleitoral de 26 de outubro.
Francos, de 75 anos, agradeceu a oportunidade de servir ao país e destacou que o trabalho dele incluiu iniciativas de diálogo com governadores provinciais para avançar em reformas estruturais.
Segundo o portal argentino Clarín, fontes próximas indicam que Milei pretende nomeá-lo para uma embaixada, possivelmente em Londres, embora não haja confirmação oficial.

