A Justiça de Itabira, em Minas Gerais, definiu 7 de maio de 2026 como a data da audiência de instrução do processo criminal envolvendo Thiago Augusto Sampaio Borges, de 43 anos. A informação foi publicada pelo g1, que obteve acesso exclusivo ao documento. Embora o caso tramite em território mineiro, ele mantém forte vínculo com o Acre, já que Thiago também é investigado em outra ação relacionada à morte da acreana Joycilene Sousa de Araújo, registrada em 2024.

Joyce morreu aos 41 anos/Foto: Redes sociais
O processo em andamento em Minas trata dos crimes de desobediência e falsa identidade. Os fatos ocorreram no bairro Barreiro, em Itabira, em 17 de dezembro de 2024, quando policiais civis foram ao local para entregar uma intimação e cumprir o mandado de busca e apreensão do veículo ligado ao Caso Joyce, solicitado pela Justiça acreana.
Segundo o documento, ao notar a presença dos agentes, Thiago tentou fugir, omitiu o nome verdadeiro e alegou se chamar “Ailton”. A versão teria caído por terra quando um papel caiu das mãos dele, revelando uma cópia de sua própria CNH. Mesmo assim, ainda insistiu na identidade falsa e resistiu à abordagem, sendo algemado e detido por desobediência e falsa identidade. Ele acabou liberado horas depois.
“Por se tratarem de crimes de menor potencial ofensivo, um termo circunstanciado e ocorrência foi assinado, ficando o suspeito comprometido a comparecer perante o Tribunal Especial Criminal do município”, afirmou o delegado Diogo Luna, de Itabira, ao g1.
A audiência em Minas e o impacto no Acre
A definição da audiência reacende as discussões sobre o Caso Joyce, que completa um ano sem resolução concreta. No Acre, os familiares de Joycilene Sousa de Araújo, de 41 anos, continuam cobrando avanços e insistem para que o caso não seja tratado como “uma mera estatística de morte autoprovocada”, como reforça a irmã, Jaqueline Sousa.
Joycilene morreu em 17 de novembro de 2024, após sofrer uma parada cardíaca decorrente da ingestão de medicamentos controlados. Uma semana antes, ainda em vida, ela havia procurado a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, por volta das duas da madrugada, para solicitar uma medida protetiva contra Thiago e pedir a devolução do carro em seu nome o mesmo veículo que seria apreendido posteriormente em Belo Horizonte.
De acordo com a família, o automóvel avaliado em cerca de R$ 100 mil foi registrado no nome de Joyce a pedido do próprio Thiago, que alegava não poder assumir despesas por supostamente receber um benefício por burnout. As cobranças relacionadas ao veículo chegavam diretamente ao Acre.
A relação entre os dois começou de forma virtual e teve apenas dois encontros presenciais um em maio, quando se conheceram, e outro entre o fim de setembro e o começo de outubro. Nesse período, segundo os familiares, teriam ocorrido episódios de importunação sexual envolvendo a filha de Joyce e uso de drogas dentro da casa.
A partir dessas suspeitas, a família levou o caso às redes sociais, o que fez com que o Ministério Público do Acre passasse a acompanhar mais de perto a investigação, que corre sob sigilo.
Denúncia e próximos passos
Na denúncia apresentada pelo Ministério Público de Minas Gerais, Thiago é acusado de agir de maneira “livre, consciente e voluntária” ao desobedecer ordem policial e se apresentar com nome falso, crimes previstos nos artigos 307 e 330 do Código Penal. O órgão pediu a citação do investigado, a produção de provas e sua condenação, destacando ainda a possibilidade de aplicação dos efeitos previstos no artigo 15 da Constituição, que trata da suspensão de direitos políticos em caso de condenação criminal.
A audiência marcada para maio de 2026 deverá ouvir testemunhas, entre elas os dois policiais civis que participaram da abordagem.
No Acre, a família de Joyce espera que o processo avance e que todos os fatos sejam esclarecidos. Para os parentes, a prioridade é garantir que a morte da acreana, cercada por denúncias de violência psicológica, patrimonial e suspeitas de indução ao suicídio, seja investigada com rigor e responsabilidade.
