O ContilNet ouviu dois parlamentares acreanos sobre a megaoperação policial deflagrada no Rio de Janeiro, que já resultou em mais de 100 mortes e reacendeu o debate nacional sobre segurança pública e o enfrentamento às facções criminosas.
O deputado federal Coronel Ulysses (União Brasil) e o deputado estadual Edvaldo Magalhães (PCdoB) apresentaram visões distintas sobre a ação, que mobilizou milhares de agentes nos complexos do Alemão, da Penha e da Maré e teve como objetivo retomar territórios dominados por organizações ligadas ao tráfico de drogas.
Coronel Ulysses: “O Estado tem que dominar o território”
Para o deputado Coronel Ulysses, a operação foi necessária e bem-sucedida, uma vez que, segundo ele, as facções criminosas atuam com características de terrorismo e precisam ser enfrentadas com firmeza pelo Estado.
“Eu acho que essa operação tem que ocorrer constantemente, porque hoje ficou comprovado que as facções estão agindo com ações de terrorismo. E o domínio das facções, do crime organizado ali, o narcoterrorismo, traz muitas coisas ruins para as pessoas que moram na comunidade”, afirmou.
O parlamentar defendeu que o monopólio da força pertence ao Estado, e que as forças de segurança devem retomar o controle das áreas dominadas.
“O monopólio da paz e da segurança é do Estado. Ficou comprovado que, se o Estado quiser realmente fazer um enfrentamento às organizações criminosas, vai novamente ter o domínio do território, levando paz, saúde e educação à população”, completou.
Questionado sobre o alto número de mortes na operação, Ulysses rebateu as críticas e disse que a ação foi proporcional ao poder de fogo dos criminosos.
“Eu acho que a operação foi um sucesso. Foram apreendidos 115 fuzis. Com quem estavam esses fuzis? Com bandidos da mais alta periculosidade. Então o número de baixas do lado das facções está condizente com o nível de enfrentamento.”
“Entre a vida de um policial e de um criminoso, a prioridade tem que ser da polícia. As verdadeiras vítimas ali são os quatro policiais que saíram para trabalhar e não voltaram para casa. O governador do Rio teve coragem de enfrentar algo que o governo federal não tem”, concluiu.
Edvaldo Magalhães: “Faltou planejamento e inteligência”
Já o deputado estadual Edvaldo Magalhães (PCdoB) criticou a condução da operação e afirmou que faltou coordenação e inteligência no combate às facções. Para ele, o resultado foi excessivo em mortes e insuficiente em efetividade.
“O país precisa de uma legislação que estabeleça os níveis de compromisso entre as ações que as polícias precisam ter de forma integrada. O que aconteceu agora no Rio é uma demonstração de que o Estado, sozinho, é incapaz de combater o crime organizado e preservar a integridade das comunidades”, declarou.
Magalhães defendeu que o Congresso Nacional avance na votação da PEC da Segurança Pública e de projetos que fortaleçam a integração das forças policiais.
“A PEC da Segurança Pública, que o governo tem tentado aprovar, ficou agora nitidamente cada vez mais necessária e urgente. Se o Congresso tivesse sensibilidade, correria para aprová-la”, disse.
“Se for força pela força, vão sobrar corpos e faltar resultados. Não teve planejamento, não teve inteligência, e, portanto, o resultado é apenas corpos”, concluiu o parlamentar.
Contexto da operação
A megaoperação no Rio de Janeiro foi deflagrada após uma série de ataques a ônibus e trens, supostamente ordenados por facções criminosas após a morte de um dos líderes locais.
As ações se concentraram nas zonas norte e oeste da capital fluminense e contaram com a participação de mais de 5 mil agentes das polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária Federal, além do apoio das Forças Armadas.
O balanço mais recente aponta mais de 100 mortes, dezenas de prisões e mais de 100 fuzis apreendidos — configurando uma das maiores ações policiais da história do Rio.




