Tremembé: acusação de Suzane von Richthofen contra promotor foi real?

A chegada de Suzane von Richthofen ao presídio de Tremembé — e tudo o que ela fez para ser transferida ao local que ficou conhecido como o “presídio dos famosos” — é recontada nos primeiros minutos da série Tremembé.

A nova produção brasileira do Prime Video narra a perseguição de Suzane por outras detentas e um suposto envolvimento da criminosa com o promotor Eliseu José Berardo Gonçalves, que determinou a ida dela para Tremembé.

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Marina Ruy Barbosa (Suzane von Richthofen), Letícia Rodrigues (Sandrão) e Carol Garcia (Elize Matsunaga) em Tremembé

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Letícia Rodrigues (Sandrão), Marina Ruy Barbosa (Suzane von Richthofen) e Carol Garcia (Elize Matsunaga) em Tremembé

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O “envolvimento” de Eliseu e Suzane é abordado logo no primeiro episódio de Tremembé. Apesar de mostrar como o promotor teve papel fundamental na transferência de Suzane para o “presídio dos famosos”, a história não foi contada na íntegra. O livro Assassina e Manipuladora (Ed. Matrix), do jornalista Ulisses Campell, que baseou a história da criminosa na série, dá mais detalhes do episódio.

O que aconteceu entre Suzane e Eliseu

Segundo o livro, Eliseu e Suzane se conheceram após uma denúncia dela ao Ministério Público de que estava sendo ameaçada de morte por outras detentas da Penitenciária Feminina de Ribeirão Preto. Semanas após a queixa, Suzane avistou o promotor de Justiça Eliseu José Bernardo Gonçalves andando pelos corredores do local. Ele realizava uma inspeção de rotina e foi chamado por Suzane.

Ela então pediu ajuda ao promotor alegando que queriam matá-la. Promotor da Vara do Júri e de Execuções Criminais em Ribeirão Preto, era comum que Eliseu estivesse no dia a dia do presídio e fizesse audiências com as presidiárias. Segundo relatos de funcionários, de acordo com o livro de Ulisses, Eliseu já via Suzane com outros olhos.

Marina Ruy Barbosa e Suzane von Richthofen.

Os relatos de Suzane foram apurados pelo promotor, que falou diretamente com uma das mulheres que a ameaçavam, Maria Bonita. Ela foi categórica ao dizer que tinha interesse sim em matar Suzane. Pouco depois, Suzane foi levada para se encontrar com o promotor do Ministério Público pela primeira vez.

Lá, Suzane teria sido cumprimentada por um “beijinho no rosto”. O promotor começou a conversa perguntando sobre o assassinato dos pais dela, Marísia von Richthofen e Manfred von Richthofen. O promotor colheu o depoimento, mas Suzane foi orientada pelo advogado da época, Denivaldo Barni, a não assinar o documento.

Suzane passou cerca de 10 horas no gabinete dele, sempre algemada. Foi no final da audiência que Suzane voltou a falar sobre as ameaças no presídio de Ribeirão Preto e implorou por uma transferência.

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Transferência para Tremembé e acusação de assédio

Após relatar as ameaças que vinha sofrendo em Ribeirão Preto, Suzane foi informada por Eliseu de que poderia ser transferida para Tremembé. No entanto, o promotor teria imposto uma condição, aproximando-se dela. Intrigada, Suzane perguntou qual seria. Ele então teria levado o rosto perto do dela e dito: “Um beijo”.

Surpresa, Suzane se levantou rapidamente e, segundo relatos, deixou o gabinete “algemada de maneira sensual”, em direção à porta. Antes de sair, respondeu: “Primeiro a transferência, depois o pagamento”.

Funcionárias da penitenciária afirmaram que Eliseu demonstrava intimidade com a detenta em visitas rotineiras, chamando-a de “Suzi”. Três semanas após o encontro no Ministério Público, a transferência de Suzane para Tremembé foi oficializada.

Faltavam três dias para a mudança quando uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) buscou Suzane novamente. Ela foi levada ao Ministério Público, onde, no gabinete do promotor, permaneceu sem algemas. Segundo o relato da presa, o ambiente estava iluminado por luzes coloridas, ao som de músicas românticas — “como uma boate”.

Ainda de acordo com Suzane, Eliseu teria confessado estar apaixonado e tentado se aproximar novamente em busca de um beijo. Ela recusou as investidas e pediu para ir ao banheiro. No caminho, dirigiu-se até a sala de um corregedor e foi direta:
“Quero registrar uma denúncia de assédio sexual.”

O que aconteceu com Eliseu?

Eliseu José Berardo Gonçalves foi investigado em um procedimento interno e punido com 22 dias de suspensão. A Corregedoria entendeu que ele “não teve uma conduta compatível” com o cargo que ocupava à época.

A punição chegou a ser publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo no dia 15 de setembro de 2010. Apesar de ter recorrido da decisão, a suspensão foi mantida.