A megaoperação deflagrada nesta terça-feira (28/10) nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, escancarou uma nova fase na guerra entre o Estado e o Comando Vermelho (CV). Além do número recorde de mortos e presos, a ação revelou o poder bélico crescente da facção, que empregou drones adaptados para lançar explosivos — uma tática inédita em operações dessa dimensão no estado.
Com cerca de 2,5 mil agentes civis e militares mobilizados, a operação resultou na apreensão de mais de 90 armas, incluindo fuzis de guerra, grande quantidade de munição e explosivos. Segundo investigadores, o CV já atua com nível de armamento e coordenação comparável ao de grupos paramilitares internacionais, capaz de sustentar confrontos prolongados com tropas de elite.

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Drones como arma de combate
O uso de drones foi um dos elementos mais surpreendentes da ofensiva. De acordo com a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), os criminosos lançaram granadas e artefatos explosivos de forma aérea, mirando pontos estratégicos do avanço policial.
Essa tecnologia permitiu ao CV acompanhar em tempo real o deslocamento das forças, atacar bases improvisadas e pontos de cerco, além de desorganizar o planejamento tático dos agentes.
O impacto vai além da logística. O uso de drones também tem efeito psicológico, demonstrando capacidade de inovação e domínio de técnicas de guerra urbana semelhantes às observadas em conflitos internacionais.
Capacidade militar em expansão
As apreensões reforçam a avaliação da Inteligência da Polícia Civil: o poder de fogo do CV não é pontual, mas parte de uma estrutura consolidada.
A facção mantém fluxo contínuo de armas e munições, garantindo vigilância armada em rotas estratégicas, resistência prolongada em áreas de mata e ataques coordenados para retardar operações policiais.
O arsenal inclui fuzis de calibres restritos, carregadores de alta capacidade, granadas, explosivos caseiros e munições importadas. Muitos desses equipamentos chegam ao Brasil por rotas ilegais ligadas ao tráfico internacional — especialmente pela região Norte, em conexão com fronteiras porosas e controle limitado das autoridades.
Conflito político e falhas de integração
A escalada de violência e a demonstração de força da facção reacenderam o embate político entre o governador Cláudio Castro (PL) e o governo federal.
Castro afirmou que o Rio está “sozinho” no combate às facções e criticou a recusa anterior de empréstimo de blindados das Forças Armadas. Já o Ministério da Justiça rebateu, garantindo que todos os pedidos oficiais foram atendidos e destacando o envio de recursos e ações conjuntas da Polícia Federal no estado.
O episódio expõe falhas de integração entre governos e forças de segurança, em um cenário em que o crime organizado opera com sofisticação logística, poder financeiro e tecnologia militar cada vez mais avançados.
Fonte: Metrópoles, O Globo, Agência Brasil, UOL Notícias
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