Com ventos de até 300 km/h e ondas de quatro metros de altura, o furacão Melissa foi um dos mais fortes já registrados na história recente

(Imagem: Mike Mareen / Shutterstock.com)

O Melissa entrou para a história ao atingir a costa oeste da Jamaica como um furacão de categoria 5. Com ventos de até 300 km/h, ele provocou ondas de quatro metros de altura, causando mortes e deixando um rastro de destruição ainda incalculável na região.

Este evento extremo ainda está sendo estudado por cientistas e algumas imagens podem ajudar a compreender o seu potencial destrutivo incomum. Alguns destes registros foram feitos de dentro do furacão.

Avião fez registro dentro do furacão Melissa (Imagem: Força Aérea dos EUA)

Nuvens apresentam formatação incomum

  • As imagens foram divulgadas pela equipe do 53º Esquadrão de Reconhecimento Meteorológico da Força Aérea dos Estados Unidos.
  • A equipe, apelidada de “Caçadores de Furacões”, realizou voos dentro do Melissa para coletar dados meteorológicos.
  • De acordo com o portal Futurism, os trabalhos tiveram que ser interrompidos algumas vezes em função da grande turbulência.
  • Apesar disso, as fotos e vídeos impressionantes mostram algumas características diferenciadas deste fenômeno.
  • A que mais chamou a atenção foi que as nuvens captadas são menos inclinadas do que o comum, apresentando uma verticalidade incomum.

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This footage from inside the eye of Category 5 Hurricane Melissa might be the most jaw-dropping video ever captured of a hurricane’s eye, showcasing the infamous “stadium effect.” pic.twitter.com/AEhj2g2Ban

— Colin McCarthy (@US_Stormwatch) October 27, 2025

O que explica o poder destrutivo do furacão Melissa?

A combinação entre o calor recorde do mar do Caribe e o padrão atmosférico causado pelo fenômeno climático La Niña potencializou o furação. Isso possibilitou a redução do chamado cisalhamento, que consiste na mudança na direção ou na velocidade do vento em diferentes altitudes. Quando o cisalhamento vertical está baixo, como costuma acontecer em episódios de La Niña, os furacões no Atlântico têm maior facilidade para se organizar e se intensificar, já que a velocidade e a direção do vento não mudam muito. Já um alto cisalhamento dificulta o crescimento e fortalecimento dos fenômenos.

Ao mesmo tempo, o oceano libera calor e umidade, o que ajuda a alimentar a formação de tempestades. Com uma superfície do mar mais quente, maior foi a quantidade de energia disponível e maior o potencial de intensificação do Melissa. Para piorar a situação, a atmosfera estava extremamente úmida, favorecendo a formação de nuvens chamadas de convectivas explosivas, que crescem rapidamente em altitude e causam chuva torrencial.

Melissa foi um dos furacões mais fortes registrados nos últimos anos (Imagem: reprodução/NOAA)

Outro ponto importante para explicar o que aconteceu foi o fato do furacão não seguir para o norte, como costuma acontecer. Ele permaneceu quase parado sobre águas muito quentes, absorvendo ainda mais energia. Todas essas características mantiveram o Melissa em constante fortalecimento, o que tornou esse um dos fenômenos climáticos mais intensos dos últimos anos.

Alessandro Di Lorenzo

Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.