Camadas de gelo na Antártida revelaram uma descoberta que pode reescrever parte da história da Terra. Pesquisadores da Coreia do Sul e da Rússia encontraram indícios de que duas erupções vulcânicas ocorreram quase ao mesmo tempo, há cerca de 600 anos, provocando um longo período de resfriamento global. O evento, datado de 1458, é considerado um dos mais intensos dos últimos mil anos.

Por décadas, cientistas tentam descobrir qual vulcão teria sido o responsável pela catástrofe que espalhou cinzas e gases sulfúricos pela atmosfera. Kuwae, em Vanuatu, e o Reclus, no Chile, eram os principais suspeitos. Agora, as novas evidências sugerem que ambos podem ter entrado em erupção quase simultaneamente.

Estudo chegou a conclusão que mais de um vulcão participou do evento

A conclusão veio da análise de fragmentos microscópicos de vidro vulcânico encontrados em pedaços de gelo antártico. As partículas estavam presas em uma camada correspondente ao período do evento do século XV. A composição química revelou dois tipos distintos de material: metade compatível com o Kuwae e outra com características semelhantes às do Reclus, mas não idênticas.

Cientistas identificaram vulcões responsáveis por abaixar a temperatura da terra no século XV Imagem: Clive Kim/Pexels

Essa diferença indica que parte das cinzas veio de um vulcão ainda não identificado no Hemisfério Sul. Os pesquisadores descrevem o fenômeno como uma “composição bimodal”, sinal de que as cinzas se originaram de duas erupções distintas.

Segundo informações do portal phys.org, as partículas mais grossas do vulcão do sul chegaram primeiro à Antártida, seguidas por cinzas mais finas transportadas do Pacífico.

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A descoberta ajuda a entender como múltiplas erupções podem ter efeitos combinados no clima. Quando gases ricos em enxofre alcançam a estratosfera, formam aerossóis que refletem a luz solar e reduzem a temperatura global. No caso das erupções de 1458, duas colunas de cinzas vindas de hemisférios diferentes podem ter amplificado o resfriamento.

Vulcão misterioso

Mas o estudo também levanta um novo mistério. Se parte das cinzas não corresponde ao Reclus, de onde veio essa erupção “fantasma”? A busca por esse vulcão perdido já começou e pode revelar mais sobre o papel dos grandes eventos vulcânicos na história climática da Terra.

Erupção do vulcão Etna
Amostras revelam uma rara “assinatura dupla” de cinzas vulcânicas Imagem: Wead/Shutterstock

Matheus Labourdette é redator(a) no Olhar Digital

Layse Ventura

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Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.