Imagine uma lasca de tinta se soltando do revestimento metálico de uma espaçonave e viajando a mais de 25 mil km/h. Embora pareça inofensiva, no vácuo do espaço ela pode atravessar um satélite como se fosse uma bala. Esse é o tipo de ameaça que a empresa Atomic-6 quer combater com sua nova “Armadura Espacial”, uma tecnologia mais leve e resistente que promete revolucionar a proteção contra detritos orbitais.
Atualmente, segundo o site New Atlas, há mais de 130 milhões de fragmentos de lixo espacial circulando em torno da Terra. A maioria é microscópica, mas viaja a velocidades tão altas que uma simples colisão pode destruir equipamentos de milhões de dólares. Cada impacto gera ainda mais estilhaços, criando uma reação em cadeia que torna o espaço cada vez mais perigoso.

Nova blindagem é mais econômica e prática
Para conter o problema, cientistas e engenheiros investem em sistemas de rastreamento, regras para desativar satélites antigos e melhorias no design das espaçonaves. Outra estratégia é equipá-las com blindagens protetoras, originalmente criadas para se defender de micrometeoritos, mas que hoje também atuam contra o lixo espacial.
O modelo mais tradicional é o Escudo Whipple, criado nos anos 1940 pelo astrônomo Fred Whipple. Composto por camadas de alumínio separadas por espaços ou espuma, projetadas para dissipar a energia de impactos sucessivos, esse tipo de escudo foi usado até nas missões Apollo, mas tem desvantagens importantes: é caro, pesado e, ironicamente, pode gerar novos fragmentos quando atingido.

Para superar essas limitações, a Atomic-6 criou a Space Armor (Armadura Espacial), desenvolvida ao longo de 18 meses. A blindagem é feita de um polímero secreto, com fibras e resinas moldadas em placas autoadesivas de 30 por 30 centímetros e 2,5 centímetros de espessura, que podem chegar a um metro em versões personalizadas.
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Armadura não bloqueia sinais de comunicação
Os testes mostraram que o escudo suporta impactos de mais de sete quilômetros por segundo, produzindo menos detritos. Há versões mais leves, que resistem a fragmentos de até três milímetros, e versões reforçadas, capazes de aguentar objetos de até 12,5 milímetros.
Outro destaque é a transparência a ondas de rádio. Enquanto o Escudo Whipple bloqueia sinais de comunicação, a Space Armor permite que antenas e radares funcionem normalmente, podendo inclusive ser usado como proteção para esses equipamentos. Há também uma opção opaca, para situações em que o bloqueio de sinais é desejado.
“Não é mais preciso escolher entre proteção e comunicação”, afirma Trevor Smith, CEO da Atomic-6. “Nossa armadura preserva as funções críticas das missões e protege naves, estações espaciais e astronautas contra ameaças invisíveis, que se tornam mais comuns a cada dia.”
