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“Cultura da impunidade”, desabafa autora de livro sobre Ninho do Urubu

“Cultura da impunidade”, desabafa autora de livro sobre Ninho do Urubu

Victor Silvestre

Foto colorida de Daniela Arbex - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida de Daniela Arbex – Metrópoles – Foto: Victor Silvestre

A jornalista Daniela Arbex comentou, em conversa exclusiva com o Metrópoles, sobre a decisão da Justiça do Rio de Janeiro de absolver sete réus que respondiam pela morte de 10 jovens na tragédia no centro de treinamento do Flamengo, o Ninho do Urubu, no Rio de Janeiro. Ela é autora do livro Longe do Ninho (ed. Intrínseca), que expõe detalhes da tragédia.

Os réus respondiam pelos crimes de incêndio culposo e lesão corporal. A decisão foi assinada pelo juiz Tiago Fernandes de Barros, da 36ª Vara Criminal da Comarca da Capital.

Leia também

Quem são os absolvidos

  • Antonio Marcio Mongelli Garotti e Marcelo Maia: ocupavam cargos com ingerência na administração no CT
  • Claudia Pereira Rodrigues, Danilo da Silva Duarte, Fabio Hilario da Silva e Weslley Gimenes: responsáveis pelos contêineres destinados ao alojamento dos adolescentes
  • Edson Colman da Silva: responsável contratado para realizar a manutenção dos aparelhos de ar-condicionado

Inicialmente, 11 pessoas foram acusadas pelo incidente, no entanto, quatro delas já haviam sido absolvidas.

“O meu sentimento é de tristeza pelo fato de a justiça ter perdido mais uma vez a oportunidade de dar uma resposta para a sociedade. Essa decisão escancara as fragilidades do sistema de justiça e alimenta a cultura da impunidade“, afirma Arbex.

Além de pontuar que Longe do Ninho “cumpre um papel fundamental de construção da memória coletiva do Brasil”, a jornalista,  indicada ao Jabuti com a obra sobre a tragédia,  diz que o livro “é uma declaração de amor de dez pais e mães aos seus filhos”.

Os familiares estão devastados com a notícia dessa absolvição. Mas acreditam na revisão dessa sentença a partir do recurso do Ministério Público. Então isso ainda pode ser revertido.

Daniela Arbex


A tragédia do Ninho do Urubu

  • O incêndio ocorreu na madrugada de 8 de fevereiro de 2019, em um alojamento improvisado dentro do Ninho do Urubu, em Vargem Grande.
  • Os garotos dormiam em contêineres adaptados, instalados em uma área sem alvará da prefeitura para funcionar como dormitório.
  • Segundo a perícia, as chamas começaram em um aparelho de ar-condicionado e se espalharam rapidamente devido ao material altamente inflamável que revestia as estruturas metálicas.
  • O fogo deixou 10 mortos e 16 sobreviventes, que conseguiram escapar por uma única porta.
  • As vítimas — com idades entre 14 e 16 anos — foram Athila Paixão, Arthur Vinícius, Bernardo Pisetta, Christian Esmério, Gedson Santos, Jorge Eduardo Santos, Pablo Henrique, Rykelmo de Souza, Samuel Thomas Rosa e Vitor Isaías.

“A memória foi construída e todo mundo que quiser saber o que aconteceu no dia 8 de fevereiro de 2019 dentro do contêiner do Flamengo é só acessar o livro, porque a gente conseguiu reconstituir aquela madrugada trágica, dar nome e rosto para cada vítima e falar de seus sonhos”, aponta.

“O mais importante de tudo isso é que Longe do Ninho é uma denúncia potente em relação à falta de condição dos clubes brasileiros — e não estou falando só do Flamengo —, de acolher a infância e a adolescência desses meninos e proteger a saúde mental de cada um. […] Eu acredito que uma das grandes contribuições de Longe do ninho foi provocar essa discussão sobre a saúde mental desses jovens”, finaliza.

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