A área desmatada na Amazônia atingiu 5.796 km² de agosto de 2024 a julho de 2025, o que representa queda de 11% em relação ao período anterior, de agosto de 2023 a julho de 2024, segundo estimativa do sistema Prodes, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Esta é a terceira menor taxa da série histórica, que começou a ser medida em 1988, e o terceiro ano consecutivo de redução – desde 2022, a área desmatada caiu pela metade, segundo o governo federal. O resultado marca também a menor taxa em 11 anos, ficando atrás de 2012 (4.571 km²) e 2014 (5.012 km²).
O Cerrado também manteve a tendência de retração. A taxa oficial de desmatamento para o período foi de 7.235,27 km², o que equivale a uma queda de 11,4% em relação ao período de agosto de 2023 a julho de 2024. É o segundo ano consecutivo de redução, após cinco de alta (2019 a 2023).
Com o resultado, foi evitada a emissão de 733,9 milhões de toneladas de CO₂ e por desmatamento na Amazônia e no Cerrado desde 2022. O valor equivale às emissões relativas a 2022 de Espanha e França somadas.

O Prodes utiliza imagens de satélites que possibilitam a elaboração da taxa anual de desmatamento, enquanto o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) emite alertas diários de tendências de alteração da cobertura vegetal na Amazônia, Cerrado e Pantanal.
Fiscalização
O governo atribui o resultado às ações de reestruturação da governança ambiental, que foram fragilizadas na gestão anterior. Isso inclui a criação de Planos de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento para a Amazônia, o Cerrado e demais biomas brasileiros, além da retomada da Comissão Interministerial Permanente de Prevenção e Controle do Desmatamento e Queimadas, que reúne 19 ministérios.
A intensificação de trabalhos de fiscalização e monitoramento pelo Ibama, ICMBio e Funai também contribuíram para a redução do desmatamento. Na Amazônia, a aplicação de multas pelo Ibama relacionadas à flora cresceu 81%, enquanto no Cerrado subiu 25%, entre 2023 e 2025, em comparação ao intervalo de 2020 a 2022.
“Estamos usando a mais alta tecnologia disponível para enfrentar os crimes ambientais”, disse o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, acrescentando que a autarquia “trabalhou arduamente através de ações de comando e controle para chegarmos até aqui mantendo a curva de queda do desmatamento”.

Historicamente, as taxas de desmatamento vinham crescendo desde 2015, mas cresceram exponencialmente em 2021, chegando a 13 mil km². E só voltaram a cair em 2022, no último ano do governo de Jair Bolsonaro, atingindo 11.594 km² de área desmatada.
“Isso só foi possível graças a novos investimentos, à formação de fiscais especializados e a um plano de ação estratégico. As ações são perenes: estamos fortalecendo a proteção das áreas e removendo com rigor quem invade e grila terras federais”, disse o presidente do ICMBio, Mauro Pires.
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Destaques
No mesmo intervalo, foi registrada uma queda de 65% no desmatamento nos municípios que fazem parte do programa União com Municípios (UcM), considerados prioritários pelo governo para as ações de controle do desmatamento e incêndios florestais.

Entre os estados da Amazônia Legal que concentram as maiores taxas de redução, Tocantins apresentou diminuição de 62,5%; Amapá, de 48,15%; Acre, de 27,62%; Maranhão, de 26,06%; Amazonas, de 16,93%; Pará, de 12,4%; Rondônia, de 33,61%; e Roraima, de 37,39%. Foi identificado aumento de 25,06% em Mato Grosso.
No Cerrado, 77,9% do desmatamento ocorreu nos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que formam a região conhecida como Matopiba.
“A queda na taxa de desmatamento nos municípios prioritários é 31% maior do que o índice registrado em toda a Amazônia. Isso considerando que são os municípios que mais desmataram, esse é um impacto muito forte”, avaliou André Lima, secretário extraordinário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.
 
			         
			         
								