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Plano B para a Lua: Lockheed estuda lançar nave Orion em outros foguetes

Plano B para a Lua: Lockheed estuda lançar nave Orion em outros foguetes

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A NASA e a Lockheed Martin estão avaliando a possibilidade de lançar a espaçonave Orion em foguetes diferentes do Space Launch System (SLS), rompendo uma parceria que perdura há quase duas décadas.

A mudança representa uma guinada significativa na estratégia de exploração espacial dos Estados Unidos, marcada pelo avanço em direção à reutilização e à adoção de modelos comerciais de operação, aponta o ArsTechnica.

Anthony Byers, diretor de Estratégia e Desenvolvimento de Negócios da Lockheed Martin, afirmou que a empresa está preparada para oferecer missões com a Orion como um serviço, caso a NASA queira adotar esse formato. “Nossa mensagem é que apoiamos totalmente isso e já estamos começando essa discussão”, disse o executivo.

Foto mostra os Orions de Artemis II, III e IV todos juntos
Esta foto, de 2023, mostra os Orions de Artemis II, III e IV todos juntos (Imagem: Lockheed Martin)

NASA e Lockheed vão mesmo sepaar o Orion?

SLS sendo comercializado? Sem chance

Enquanto isso, o esforço para comercializar o foguete SLS não avançou. Em 2022, Boeing e Northrop Grumman criaram a joint venture Deep Space Transport para oferecer os lançamentos em um formato de serviços, mas nenhum contrato foi concedido pela NASA, e o projeto parece ter sido encerrado. Não há planos para tornar o SLS reutilizável.

Com o alto custo do foguete — estimado em mais de US$ 2 bilhões (R$ 10,9 bilhões, na conversão direta) por lançamento —, a Lockheed está avaliando opções alternativas para o Orion. A espaçonave, com massa de lançamento de 35 toneladas, pode ser enviada à Lua por outros veículos de grande porte ou por meio de uma combinação de foguetes, em que um enviaria o módulo e outro forneceria um empurrão adicional para a órbita lunar.

“Poderíamos criar arquiteturas para voar em outros veículos? Sim, sabemos que podemos”, disse Kirk Shireman, vice-presidente e gerente do programa Orion na Lockheed Martin. “Mas ainda não fizemos os estudos detalhados sobre vibrações, acústica e cargas térmicas.”

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NASA pode romper contrato de décadas com a Lockheed Martin (Imagem: SNEHIT PHOTO/Shutterstock)

Reutilizando componentes

Para reduzir custos, a empresa aposta na reutilização de componentes. Byers destacou que, inicialmente, a NASA previa desmontar as naves e reaproveitar apenas peças internas, mas essa visão evoluiu com o sucesso de programas, como o Dragon, da SpaceX. “Começamos a introduzir a ideia de reutilizar o módulo da tripulação”, afirmou.

Howard Hu, gerente do programa Orion na NASA, explicou que o plano segue uma abordagem gradual. “Estamos tentando engatinhar, depois andar e então correr em nossa estratégia de reutilização. Queremos aumentar a reutilização, pois sabemos que esse é o caminho para a sustentabilidade e a redução de custos”, afirmou.

O plano atual prevê que as missões Artemis II, III e IV utilizem naves novas, mas com componentes reaproveitados. O Artemis V, por exemplo, reutilizará cerca de 250 peças do Artemis II, e o Artemis VI aproveitará até três mil componentes, incluindo estruturas primárias e secundárias. A Lockheed pretende construir uma frota de três espaçonaves amplamente reutilizáveis, que poderiam ser utilizadas em várias missões.

A Orion, no entanto, nunca será totalmente reutilizável. O módulo de serviço, construído pela Airbus, é descartado antes da reentrada na atmosfera terrestre e se desintegra. “Provavelmente, deveríamos chamar isso de reutilização máxima, porque há elementos que são consumidos, como o escudo térmico”, explicou Shireman. “Mas vamos reutilizar a estrutura do escudo em si.”

Mesmo com limitações, a Lockheed espera reduzir o custo de produção da Orion em 50% entre as missões Artemis II e Artemis V, e em até 30% adicionais nas seguintes, com menor necessidade de reforma.

Na missão Artemis, vários componentes serão reutilizados (Imagem: muratart/Shutterstock)

A empresa reconhece que não alcançará a reutilização completa e rápida que a SpaceX busca com a Starship, mas acredita que sua abordagem garante segurança e confiabilidade para missões tripuladas ao Espaço profundo.

A Orion deve levar seus primeiros astronautas ao espaço em 2026 e, segundo especialistas, ainda levará anos até que alternativas, como a Starship, ou veículos da Blue Origin, estejam prontas para substituir a espaçonave da NASA. Mesmo assim, a Lockheed já se move em direção a um futuro mais sustentável, buscando adaptar-se a uma nova era de transporte espacial comercial.

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