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Vento solar poderoso quebra a cauda do cometa mais brilhante do ano

Vento solar poderoso quebra a cauda do cometa mais brilhante do ano

Após surpreender observadores com um aumento de brilho explosivo, o cometa C/2025 A6 (Lemmon) se consolidou como a grande surpresa astronômica de 2025. Visto pela última vez há mais de um milênio, esse peregrino cósmico está prestes a atingir a menor distância da Terra – e pode não chegar inteiro a esse encontro próximo. Isso porque ele foi atingido por uma rajada de vento solar há cerca de 10 dias, que quebrou sua cauda. 

Sobre o cometa Lemmon:

A imagem divulgada pelo astrofotógrafo Brennan Gilmore, dos EUA, no Instagram, fornece uma visão espetacular da cabeleira verde brilhante do Cometa Lemmon, enquanto ele passava perto da estrela TW Leonis Minoris, na constelação de Leão Menor.

Na foto, uma longa e delicada cauda luminosa se estende para longe do núcleo do cometa, refletindo a luz solar que ilumina o material ejetado. É esse brilho difuso e colorido que torna os cometas tão impressionantes mesmo a grandes distâncias.

A cauda de um cometa é formada quando o calor do Sol faz o gelo e o pó de seu núcleo se evaporarem, criando uma trilha de gás e poeira. Esse material é constantemente empurrado pelo “vento solar” – um fluxo de partículas carregadas que o Sol libera em todas as direções – fazendo com que a cauda aponte sempre para o lado oposto à estrela.

Um timelapse de 60 segundos produzido por Gilmore mostra o momento em que uma poderosa rajada solar atingiu o Lemmon em 2 de outubro, arrancando parte de sua cauda em um fenômeno conhecido como “evento de desconexão”. O astrofotógrafo usou um telescópio Takahashi Epsilon 130D e uma câmera astronômica ZWO, registrando o espetáculo de sua base em Cismont, Virgínia.

Atualmente, o cometa brilha com magnitude +5,1, o que significa que pode ser visto a olho nu em locais escuros e longe das luzes das cidades. Fenômenos como o observado são comuns quando o Sol libera grandes quantidades de plasma, conhecidas como ejeções de massa coronal (CMEs).

Outros cometas também já enfrentaram tempestades solares intensas. Em 2023, o Nishimura (C/2023 P1) teve sua cauda arrancada e depois conseguiu regenerá-la. Poucos meses antes, o C/2022 E3 (ZTF) havia passado por um processo semelhante de desconexão. Mais recentemente, o SWAN (C/2025 R2) foi atingido por ventos solares fortes, reforçando a vulnerabilidade das caudas cometárias diante das tempestades solares.

Cauda de íons do cometa SWAN R2 ficou extremamente ativa ao ser atingida pelo vento solar. Crédito: Gerald Rhemann via Spaceweather.com

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Visitante interestelar pode ter sido atingido

Como vimos, esse tipo de desconexão é comum em cometas que cruzam o caminho de algum fluxo de material ejetado pelo Sol. Mas, em todos os casos conhecidos, o objeto afetado era nativo do Sistema Solar. Por isso, não se sabe o que aconteceria se a “vítima” fosse um visitante interestelar – e parecíamos estar prestes a descobrir.

Isso porque, de acordo com um modelo de previsão da NASA, um jato de plasma e campos magnéticos disparado por erupções solares no dia 19 de setembro iria golpear o cometa 3I/ATLAS entre no fim de setembro, fornecendo a primeira oportunidade para os astrônomos investigarem esse tipo de impacto.

No entanto, 20 dias após a data prevista, ainda não há nenhuma confirmação oficial do impacto, o que pode significar que o objeto conseguiu “escapar” do “tiro”. Saiba mais detalhes aqui.

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