Segundo os pesquisadores responsáveis pelo trabalho, as mudanças no formato do cérebro podem estar ligadas ao comprometimento cognitivo
No mundo, estima-se que 55 milhões de pessoas vivam com demência. A condição é caracterizada pelo declínio das funções mentais, como memória e raciocínio. Ela é um conjunto de sintomas causados por diversas doenças, sendo o Alzheimer a mais comum.
Um dos maiores desafios segue sendo o de diagnosticar o problema com antecedência. Mas, de acordo com um novo estudo, o formato do cérebro pode ser um indicador do processo de degradação cognitiva.

Cérebro pode ajudar a diagnosticar a condição de forma precoce
- No novo trabalho, pesquisadores da Universidade da Califórnia, Irvine, nos Estados Unidos, e da Universidade de La Laguna, na Espanha, se basearam em um fenômeno já descrito pela ciência.
- Eles analisaram o encolhimento do cérebro à medida que envelhecemos.
- A equipe explica que a maioria dos estudos sobre o tema se concentra em quanto tecido é perdido.
- A nova pesquisa, no entanto, aponta que o formato do cérebro muda de maneira sistemática, e que essas mudanças estão intimamente ligadas ao comprometimento cognitivo.
- Isso significa que observar essas modificações pode ser uma maneira relativamente simples de identificar a demência de forma precoce.
- As conclusões foram descritas na revista Nature Communications.
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As conclusões são resultado de análises feitas em 2.603 exames cerebrais de ressonância magnética de pessoas com idades entre 30 e 97 anos. A equipe rastreou mudanças estruturais ao longo do tempo e comparou estes dados com os testes cognitivos dos participantes.
Eles identificaram que áreas do cérebro na parte de trás da cabeça diminuíram com a idade, especialmente para aqueles que pontuaram mais baixo em testes de capacidade de raciocínio. Os pesquisadores propõem que um centro de memória crucial chamado córtex entorrinal pode ser pressionado por mudanças de forma relacionadas à idade. Essa é a mesma região onde as proteínas tóxicas ligadas à doença de Alzheimer normalmente começam a se reunir.

Isso pode ajudar a explicar por que o córtex entorrinal é o marco zero da patologia de Alzheimer. Se o cérebro envelhecido estiver mudando gradualmente de uma forma que comprime essa região frágil contra um limite rígido, isso pode criar a tempestade perfeita para que o dano se enraíze. Compreender esse processo nos dá uma maneira totalmente nova de pensar sobre os mecanismos da doença de Alzheimer e a possibilidade de detecção precoce.
Michael Yassa, neurocientista da UC Irvine e um dos autores do estudo
Colaboração para o Olhar Digital
Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.