A cidade de Assis Brasil, localizada na tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Bolívia — a cerca de 330 km de Rio Branco — enfrenta um dos períodos mais críticos em relação à segurança pública. Com pouco mais de 8 mil habitantes, segundo dados do IBGE, o município tem sido tomado por facções criminosas que disputam território, ampliando a violência e o sentimento de insegurança entre os moradores.

Segundo dados do IBGE, o município tem sido tomado por facções criminosas que disputam território/Foto: ContilNet
Relatos da população indicam que a cidade está praticamente dividida entre grupos rivais, que impõem regras e controlam áreas inteiras, obrigando os moradores a seguirem a chamada “lei do silêncio”. Atentados a tiros e execuções têm se tornado frequentes, principalmente nas zonas periféricas e rurais.
Nos últimos dias, um homem com mandado de prisão em aberto foi executado dentro da própria casa após criminosos, disfarçados de policiais, invadirem o imóvel. Em outro episódio, uma mulher foi vítima de tentativa de homicídio, em mais um caso ligado à guerra entre facções.
Na madrugada de sábado (11), um homem supostamente ligado a uma dessas organizações procurou atendimento no posto de saúde do município após passar mal. A Polícia Militar precisou montar um esquema de escolta, já que membros de um grupo rival souberam da presença dele no local e teriam planejado um ataque dentro da unidade.
A falta de efetivo policial agrava o cenário de violência. Atualmente, o município conta com apenas 15 policiais militares, dos quais 10 se revezam no patrulhamento urbano — que, na maioria das vezes, é encerrado à meia-noite. Na Polícia Civil, um único delegado atende duas cidades da regional, com menos de 10 servidores no total.
Com a ausência do Estado, as facções expandem suas áreas de atuação e passam a recrutar jovens, inclusive indígenas, para integrarem as chamadas “tropas do crime”. Enquanto isso, a população de Assis Brasil convive com o medo diário, sob o domínio de organizações criminosas e à espera de uma resposta efetiva das autoridades.