Novo modelo de IA é capaz de prever, com até 15 dias de antecedência, as áreas com maior risco de desmatamento na Amazônia

Queda da taxa de desmatamento da Amazônia em 2023 reduziu a poluição climática. (Imagem: PARALAXIS / Shutterstock.com)

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Mais de 50 milhões de hectares de vegetação foram completamente destruídos pela atividade ilegal na Amazônia nos últimos 40 anos. Um dado alarmante e que chama a atenção para a dificuldade das autoridades em combater o desmatamento na região.

Cientistas alertam que o bioma, que abriga uma enorme biodiversidade e é considerado vital para regular o clima global, está ameaçado. Um problema que pode ser contornado a partir da utilização da inteligência artificial.

Amazônia vista de cima
Amazônia abriga uma enorme biodiversidade e é considerada vital para regular o clima global (Imagem: streetflash/Shutterstock)

IA pode prever áreas de desmatamento

  • Em artigo publicado no portal The Conversation, Raul Queiroz Feitosa, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), cita uma alternativa.
  • O especialista apresenta um modelo de IA capaz de prever, com até 15 dias de antecedência, as áreas com maior risco de desmatamento na Amazônia.
  • Segundo ele, ferramenta foi concebida para apoiar decisões estratégicas de fiscalização e prevenção, aumentando a eficiência das operações e reduzindo desperdícios de recursos.
  • Batizada de Deforestation Prediction System, ela já está em operação na plataforma de dados geográficos TerraBrasilis, mantida pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e disponível para uso do Ibama e dos municípios da região.
  • A tecnologia ainda pode ser utilizada para identificar incêndios e processos de degradação natural.

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IA pode antecipar riscos de desmatamento (Imagem: PARALAXIS/Shutterstock)

Maior facilidade no trabalho de monitoramento

Raul Queiroz Feitosa afirma que a adoção da tecnologia vai resolver algumas dificuldades no trabalho das autoridades. De acordo com ele, as ações de fiscalização são caras, envolvem deslocamentos por longas distâncias e áreas de difícil acesso. Além disso, os técnicos não podem visitar todos os lugares da Amazônia.

A base do modelo está em identificar fatores ou condições mais relacionadas ao desmatamento iminente, de modo que possam antecipar a sua ocorrência. Para isso, usamos a vasta base de dados históricos da Amazônia Legal, disponibilizada pelo INPE. O Instituto realiza o monitoramento sistemático dos biomas brasileiros por sensoriamento remoto, gerando um grande volume de dados em plataformas como PRODES e DETER.

Raul Queiroz Feitosa, professor da PUC-Rio

IA pode melhorar eficiência do monitoramento das atividades ilegais (Imagem: Anggalih Prasetya/Shutterstock)

O especialista ressalta que ainda é cedo para medir o impacto real da nova ferramenta sobre os índices de desmatamento em médio e longo prazos. Apesar disso, a expectativa é reduzir os erros de previsão em cerca de 75% a 80% em comparação com o modelo anterior.

Os próximos 12 meses serão decisivos para avaliar como ela reflete nos índices de desmatamento. Mas sabemos que é difícil estimar ganhos numéricos diretos, já que o desmatamento nos biomas brasileiros é um fenômeno complexo, influenciado por diversos fatores que extrapolam as operações do Ibama.

Raul Queiroz Feitosa, professor da PUC-Rio

Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.