Apaixonados pelo céu noturno, preparem-se: nesta terça-feira (7), a Lua entra oficialmente na fase cheia – embora na noite desta segunda (6) ela já possa ser vista quase totalmente iluminada. E o visual tende a ser ainda mais espetacular do que de costume. Isso porque esta será a primeira “Superlua” de 2025.
Na ocasião, o satélite pode parecer cerca de 30% mais brilhante e até 14% maior do que uma Lua cheia típica. Mas, por quê?
A explicação está na forma da órbita lunar. A Lua não gira ao redor da Terra em um círculo perfeito, mas sim em uma trajetória elíptica. Isso faz com que, em certos momentos, ela esteja mais próxima do planeta (no chamado perigeu) e, em outros, mais distante (no apogeu).
A Superlua acontece quando a fase cheia começa exatamente no perigeu, ou muito perto dele – que, neste mês, será atingido na quarta-feira (8), de acordo com a plataforma de observação astronômica InTheSky.org.
Esta é realmente uma “Superlua”? Depende
Em média, a distância entre a Terra e a Lua no perigeu é de cerca de 356 mil quilômetros, enquanto no apogeu pode chegar a mais de 406 mil quilômetros. Essa diferença, de aproximadamente 50 mil km, é suficiente para causar o efeito visual que tanto encanta os observadores, embora a olho nu nem sempre seja fácil perceber essa variação.
“Mas, sem saber o quão perto o satélite precisa estar da Terra, não dá para cravar se esta ou aquela Lua cheia é uma Superlua”, afirma o colunista do Olhar Digital Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) e diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon).

Zurita explica que até existem algumas tentativas de criar uma definição científica, completa e definitiva para o termo, mas é difícil chegar a um consenso, e talvez isso tenha algo a ver com ele vir da astrologia. “Na astronomia, sua utilização é recente e tem se mostrado uma boa forma de popularizar a ciência, mas muita gente ainda ‘torce o nariz’ para o termo, por considerá-lo um nome mercadológico para ‘vender’ a Lua Cheia no perigeu, que, na prática, não tem nada de super, nem representa nenhum fenômeno de interesse científico”.
De fato, não existe mesmo um consenso sobre esse conceito. Tanto que a Lua cheia deste mês faz parte da lista de Superluas do século elaborada pelo ex-astrofísico da NASA Fred Espenak, mas não está entre as previstas por Richard Nolle, o astrólogo criador do termo.

Segundo a NASA, como a Lua está em sua maior aproximação da Terra, ela pode causar marés mais altas do que o normal – mas isso tem relação com o perigeu, e não com a fase cheia.
Para a melhor experiência, tente observar a Superlua ao entardecer, quando ela está próxima ao horizonte, momento em que parece ainda maior e assume um belo tom alaranjado devido à refração atmosférica.

Leia mais:
- Eclipse lunar revela o invisível no céu da China
- História da Lua pode ser reescrita com amostra da Apollo 17
- A Lua está enferrujando – por culpa da Terra!
Lua cheia tem um “nome” por mês
De acordo com o Old Farmer’s Almanac (Almanaque do Velho Fazendeiro), uma das publicações mais tradicionais dos EUA voltadas à vida no campo, a Lua cheia de cada mês do ano tem uma designação própria.
Luas cheias de 2025:
- 13 de janeiro: Wolf Moon (Lua do Lobo);
- 12 de fevereiro: Snow Moon (Lua de Neve);
- 14 de março: Worm Moon (Lua de Minhoca);
- 12 de abril: Pink Moon (Lua Rosa);
- 12 de maio: Flower Moon (Lua das Flores);
- 11 de junho: Strawberry Moon (Lua de Morango);
- 10 de julho: Buck Moon (Lua dos Cervos);
- 9 de agosto: Sturgeon Moon (Lua do Esturjão);
- 7 de setembro: Corn Moon (Lua do Milho);
- 7 de outubro: Harvest Moon (Lua da Colheita) – Superlua;
- 5 de novembro: Beaver Moon (Lua do Castor) – Superlua;
- 4 de dezembro: Cold Moon (Lua Fria) – Superlua.
Conforme explica o guia de observação Starwalk Space, a chamada Lua da Colheita é a que aparece mais próxima do equinócio de outono – quando o dia e a noite têm praticamente a mesma duração. Isso ocorre em setembro no hemisfério norte e em março no hemisfério sul.
No hemisfério norte, a Lua da Colheita costuma ser no mesmo mês do equinócio, mas a cada poucos anos ela acontece em outubro, como em 2025. A última vez foi em 2020, e a próxima será em 2028.
O mesmo fenômeno é observado no hemisfério sul, onde a Lua da Colheita às vezes é em março e, outras, em abril – como é o caso do ano que vem.

O nome vem dos tempos antigos, quando os agricultores usavam sua luz intensa do luar para trabalhar até mais tarde no campo. Com a Lua surgindo logo após o pôr do Sol, ela iluminava as plantações por mais tempo durante a noite.
Na China, esta Lua cheia marca o Festival do Meio-Outono, também chamado de Festival do Bolo Lunar ou das Lanternas. É uma época de reunião familiar, em que as pessoas apreciam o astro, comem bolos típicos e acendem lanternas. Tradições semelhantes ocorrem no Japão, Vietnã, Coreia, Índia e Sri Lanka.