O humor seguem com espaço cativo nas programações televisivas, mas muitas mudanças foram realizadas com o passar dos anos. O formato, o conteúdo, o elenco e a produção tiveram alterações pontuais para que a comédia se sustente na TV.
Agora, em 2025, as emissoras estão apostando em novos formatos de humor para a TV, com o objetivo de conquistar o público com atrações dinâmicas, mais leves e, claramente, divertidas. Segundo Pedro Curi, coordenador do curso de Cinema e Audiovisual da ESPM, a transformação é natural.
“Há uma mudança nos perfis de programa de televisão e cabe dizer que o humor se transformou e vem se renovando para agradar a todos e não excluir ninguém. O conteúdo humorístico faz parte de um sintoma atual da TV tentando se adaptar ao novo consumo de conteúdo do público”, explica.
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Com novas apostas e diferentes programas de comédia, que vão do stand-up às atrações com auditório, o meio televisivo busca reconquistar o público. Ao Metrópoles, Maurício Meirelles, comediante e idealizador de humorísticos na TV, diz que o momento ideal para isso.
“Estamos passando por um momento natural em que formatos antigos vão embora e novos formatos se consolidam. Acho que é um momento que o humor está voltando para a TV. Nós temos mais exemplos de comédia na TV agora do que há dois anos atrás”, cita.
O humorista cita a necessidade de ver novas ideias sendo produzidas para as emissoras. “Para ter produtos novos e a consolidação de novos formatos, precisamos ter ousadia na TV. As pessoas são conservadoras com formatos antigos, mas temos que dar lugar para o novo”, acredita.
Questão comercial
“O humor é um formato que se aproveita da maneira como a economia está estabelecida.”
Pedro Curi
Com o cancelamento de programas com grandes elencos e o surgimento de talk-shows que se tornam um local de riso, as emissoras estão apostando em projetos economicamente mais viáveis, que retratam a mudança de conteúdo e produção da comédia na televisão.
O barateamento do processo de produção e a estabilidade do mercado são pontos importantes para entender o novo cenário, como explica Pedro Curi.
“Os humorísticos clássicos demandavam uma custo de produção muito alto, por conta da manutenção de um grande elenco que sustentasse o programa. Se o público não gostasse do elenco, não tinha conexão com o programa e o gasto com cenário e estúdio seria desperdício”, inicia.
“Agora, com formatos que apostam em uma estrela, convidados e outros componentes coadjuvantes, como nos talk-shows e nos programas de auditório, o custo é menor e o retorno vem sendo positivo, principalmente pela possibilidade de abastecer as redes sociais com cortes de programas televisivos”, afirma.
Aceitamento do público
Com iniciativas para humorísticos na TV, Maurício Meirelles faz questão de ressaltar a importância do público entender que a comédia é feita para todos, mas nem sempre agrada a todos. Segundo ele, esse entendimento facilitaria a adesão de novos conteúdos de humor na televisão.
“Programas tipicamente de comédia acabam tendo uma maior rejeição porque se você não ri, você considera esse programa ruim. Quando você diz que é um programa de comédia, você fica na expectativa de rir o tempo todo. Fazer humor não é para todo mundo. Se as pessoas tolerassem que não existe um humor que agrade a todos, ficaria mais tranquilo essa aceitação de novos formatos”, acredita.
Sem medo de retaliações, o humorista também acha que a onda de cancelamento não afeta mais as produções televisivas.
“A sociedade está de saco cheio do cancelamento, independente da ideologia. Nos EUA, por exemplo, teve a tentativa de cancelamento do programa do Jimmy Kimmel, que saiu do ar e voltou com mais força. Acho que o cancelamento foi uma fase que passou. Temos que saber tolerar que a comédia funciona só para alguns, assim como outros produtos”, reafirma.