Em conferência, jovens debatem propostas para levar à COP30

Cerca de 6,7% (10.541) das escolas brasileiras e quase 6,1% (2,51 milhões) dos alunos da educação básica foram impactados com a suspensão de atividades escolares em 2024 devido aos eventos climáticos extremos. Os dados da pesquisa suplementar sobre diversidade e inclusão do Censo Escolar 2024 foram apresentados nesta segunda-feira (6), durante a 6ª Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente (6ª CNIJMA), em Luziânia (GO), que neste ano tem o tema “Vamos transformar o Brasil com Educação e Justiça Climática”.

Idealizadora da primeira Conferência, realizada em 2003, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, disse que as crianças e os idosos são os mais afetados pelas mudanças climáticas e pelo clima extremo. “As ondas de calor prejudicam muito mais as crianças e os idosos. Quando tem os incêndios, são as crianças que pagam o preço mais alto com problemas respiratórios.”

Por isso, a ministra justificou a necessidade de realização dessas conferências para dar voz ao público infantojuvenil para que cobre a justiça socioambiental e foque no enfrentamento de desigualdades para combater as mudanças do clima.

“Uma das principais ferramentas para essa transformação é a mudança de mentalidade que ajuda a produzir também mudança de atitude. Desde 2003, essa é a lógica das conferências, em uma abordagem adequada à linguagem das crianças, criando ao mesmo tempo o diagnóstico do problema, mas tendo o cuidado de colocar as soluções para que se crie também um espaço de esperança”, afirmou a ministra Marina Silva.

O evento conta com cerca de 800 pessoas de todo o país, entre delegados infantojuvenis de 11 a 14 anos; professores, acompanhantes e representantes das comissões organizadoras estaduais.  

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COP da implementação

A 6ª CNIJMA é um dos eventos preparatórios à Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), que será realizada em Belém, em novembro, sob a liderança do governo brasileiro.

O ponto de vista das crianças e dos adolescentes durante a Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente, nesta semana, será levado ao Balanço Ético Global (BEG), no centro da COP30. 

“A voz das crianças será levada para o Balanço Ético Global, que será apresentado na COP30, na versão que elas mesmas fizeram. Ao mesmo tempo, que [as propostas concretas] estão sendo levadas para negociadores, para tomadores de decisão, da forma adequada em que isso pode ser feito.”

“São as crianças e os jovens que estão jogando na frente dos adultos para dizer que não dá para continuar sem fazer o que precisa ser feito. Por isso, a COP30 está ligada a essa conferência [infantojuvenil].”

A ministra entende que a 30ª edição da Conferência das Nações Unidas, pela primeira vez na Amazônia brasileira, será a COP da implantação de medidas que são discutidas desde a Rio92, 33 anos antes.

“Nós já tomamos decisões muito importantes em relação a viabilizar recursos na ordem de R$1,3 trilhão; de triplicar a energia renovável; de duplicar a eficiência energética, de fazer a transição para o fim do desmatamento e do uso de combustível fóssil. As decisões políticas já foram tomadas. A maior parte das respostas técnicas já existem. O que precisa é o compromisso político e ético de fazer com que essas decisões sejam implementadas. Por isso, o presidente Lula tem dito que essa tem que ser a COP da verdade.”

Luziânia (GO), 06/10/2025 – 6ª Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente  Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

6ª Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agênc

Mobilização nacional

A 6ª Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente será realizada até sexta-feira (10) e envolve, sobretudo, estudantes de 11 a 14 anos matriculados em turmas do 6º ao 9º ano do ensino fundamental, que podem ser delegados do evento.

Desde o primeiro semestre, a 6ª CNIJMA mobilizou 8.732 escolas, em 2.307 municípios brasileiros. Entre essas, 1.293 escolas estavam localizadas em áreas de risco socioambiental e 158 atendiam estudantes com deficiência (PCDs).

O MEC ainda contabiliza o envolvimento de 1.478 escolas da zona rural, 186 indígenas e 139 quilombolas, de todos os estados brasileiros e do Distrito Federal.   

A programação da etapa nacional conta com atividades culturais, gincanas, oficinas, painéis e diálogos com adultos, entre outros, até sexta-feira.

O evento foi organizado pelos ministérios da Educação (MEC) e do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).