Esses 8 animais reconhecem seus parentes assim como humanos

Nós, seres humanos, aprendemos a reconhecer os nossos parentes desde cedo, com rostos familiares, vozes, cheiros e lembranças que nos conectam a quem faz parte da nossa história. Essa habilidade é fundamental para a vida social, permitindo vínculos profundos, transmissão de conhecimento e cooperação dentro das famílias.

Mas, será que somos os únicos seres vivos capazes de identificar quem faz parte do nosso círculo de parentesco? Pesquisas científicas revelam que, em diferentes formas, muitos animais também compartilham essa habilidade.

Esse reconhecimento não é um simples detalhe, envolvendo memória, sensibilidade sensorial e uma espécie de inteligência social que vai muito além do instinto. Em diversas espécies, a identificação de parentes serve para garantir proteção aos filhotes, reforçar os laços entre membros do grupo, evitar relações entre indivíduos muito próximos geneticamente e até melhorar estratégias coletivas de sobrevivência. Isso mostra que a vida em comunidade, muito presente em nós humanos, também se repete no reino animal.

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Saber que essas espécies reconhecem e se relacionam com seus parentes nos ajuda a compreender melhor os caminhos da evolução social e as raízes da cooperação na natureza. Veja na matéria abaixo oito exemplos de animais que, assim como nós, são capazes de identificar membros da própria família e manter laços que vão além do instinto de sobrevivência. Confira!

8 animais que reconhecem seus parentes assim como humanos

Abelhas

    As abelhas são famosas pela vida em colmeias, onde o trabalho coletivo depende de cooperação intensa. Uma parte do reconhecimento de parentes entre elas está ligado ao odor, já que indivíduos da mesma colmeia compartilham compostos químicos no corpo, gerados em parte pela microbiota intestinal, que ajudam a identificar quem pertence ao grupo.

    (Imagem: wirestock/Freepik)

    Essa identificação olfativa permite que guardas da colmeia reconheçam membros do grupo e barrem intrusas, sendo que algumas espécies são bastante precisas. Por exemplo, abelhas da mesma colônia conseguem distinguir odor de outras colônias e rejeitar invasores.

    Essa habilidade favorece a segurança da colmeia, reduz riscos de roubo de recursos ou propagação de doenças. Assim como nós usamos fotos ou vozes, elas usam o cheiro coletivo para reconhecer quem é da família (colmeia) ou quem é estranho.

    Cavalos

      Cavalos têm sentidos bastante aguçados quando se trata de reconhecer outros cavalos, e existem evidências de que eles identificam parentes ou indivíduos familiarizados por meio de cheiros, sons e visuais.

      Um estudo mostrou que cavalos demonstram “reconhecimento cross-modal”, combinando visão, olfato e audição para reconhecer indivíduos, de modo que se veem um cavalo que conhecem e ouvem seu relincho ou cheiro associado, eles reagem.

      Cavalo-puro-sangue-inglês correndo com potro, é um dos animais mais rápidos do mundo
      Imagem: Shutterstock

      Pesquisas mostram que os cavalos conseguem identificar parentes próximos por meio do olfato, reconhecendo odores corporais ou fezes. Eles também demonstram memória de longo prazo, sendo capazes de recordar indivíduos familiares mesmo após longos períodos.

      Esse reconhecimento é útil socialmente, para manter harmonia no grupo, evitar agressões, formar laços e também contribuir para identificação de líderes ou companheiros confiáveis dentro de um haras ou manada.

      Lobos

      Lobos são animais extremamente sociais, vivendo em matilhas com estrutura familiar clara, geralmente compostas por um casal reprodutor e seus filhotes, e às vezes irmãos permanecem no grupo para ajudar no cuidado dos novos filhotes.

      Eles reconhecem seus parentes de várias maneiras, como comportamentos de jogo, vocalizações específicas e familiaridade. O reconhecimento ajuda a evitar acasalamentos entre parentes próximos e fortalece os laços cooperativos dentro da matilha.

      (Imagem: vladimircech/Freepik)

      Estudos também mostram que lobos demonstram “evitação de incesto”, sendo a união entre irmãos ou entre pais e filhos raros, evidência de que eles reconhecem parentesco suficiente para evitar essas uniões.

      Esse reconhecimento não só evita consequências genéticas negativas, mas também permite que a matilha funcione com colaboração mais eficiente, cuidado parental compartilhado, dividindo tarefas, protegendo territórios, etc.

      Pinguins

      Pinguins, principalmente espécies que vivem em colônias enormes, enfrentam desafio de localizar seus filhotes entre milhares de outros pinguins visualmente muito semelhantes.

      Eles solucionam isso principalmente usando vocais: os pais emitem chamadas específicas e os filhotes também produzem respostas acústicas que permitem que se encontrem. Isso foi estudado inclusive nos pinguins imperadores em contextos extremos de gelo e nos pinguins-rei.

      Três filhotes de pinguim
      Imagem: AntAntarctic / iStock

      Esses reconhecimentos vocais são precisos, já que o filhote identifica a voz dos pais em meio a muito barulho da colônia, e vice-versa, permitindo alimentação, cuidados e cuidado parental mesmo em ambientes densamente povoados.

      A localização espacial também ajuda, onde o local do ninho ou posição aproximada no aglomerado de ninhos serve como pista. Para pinguins, ouvir bem pode ser tão importante quanto enxergar bem para reconhecer parentes.

      Primatas

      Primatas como chimpanzés, gorilas, bonobos são bons em reconhecer parentes, através de rostos, de relações sociais, de interações de cooperação ou cuidado parental. Eles têm capacidade visual bem desenvolvida, memorizam rostos, identificam parentes próximos, reconhecem parentes órfãos ou parentes distantes.

      Estudos mostram que primatas frequentemente reagem de forma diferente a parentes, priorizando dar ajudar, proteção ou tolerância.

      (Imagem: vladimircech/Freepik)

        Além disso, muitos primatas demonstram reações emocionais mais fortes com membros da família, como mãe-filho, irmão-irmã, demonstrando comunicação íntima, cuidados, grooming (limpeza social), e até lamentação pela perda ou afastamento. Essas interações reforçam o parentesco não só como reconhecimento, mas como componente central do tecido social.

        Elefantes

        Elefantes são conhecidos por sua memória e ligação emocional com membros da família. Um elefante adulto pode se lembrar de familiares mesmo depois de longos períodos separados, os reconhecendo por cheiros, sons ou visuais característicos.

        Eles reconhecem membros de seu grupo, reagindo de forma especial com trombas, abraços, chamada vocal, mostra de alegria ao reencontrar parentes.

        imagem mostra dois elefantes adultos e seu filhote
        (Imagem: EyeEm Mobile GmbH/iStock)

        Além disso, foi observado que elefantes até têm algo como um “nome individual”, que são sons ou chamadas vocais únicas para indivíduos, o que possibilita identificação individual por parte de parentes. Isso estimula a cooperação, cuidado parental, proteção aos jovens e ajuda em situações adversas, como migração ou conflitos sociais.

        Golfinhos

          Golfinhos têm sociedades sociais complexas, comunicação sofisticada e várias evidências apontam que reconhecem parentes próximos e até mantêm laços longos com eles. Eles usam vocalizações para se identificar, imitam uns aos outros, e reagem diferentemente a vozes de membros conhecidos e desconhecidos.

          Assim como os elefantes, também há indícios de que eles têm chamados individuais, um “nome” acústico, permitindo que parentes e amigos reconheçam uns aos outros mesmo sob a água.

          (Imagem: bedneyimages/Freepik)

          Esse reconhecimento serve a diversos propósitos, como proteger filhotes, cooperar na caça, manter estabilidade social no grupo, transmitir cultura social, como maneiras de caçar, vocalizações e rotinas sociais. Essa capacidade de identificação individual/acústica entre parentes fortalece laços, não só pela familiaridade, mas por laços genéticos e sociais.

          Esse reconhecimento cumpre vários propósitos: proteger filhotes, cooperar na caça, manter a estabilidade social e transmitir cultura, como técnicas de caça, vocalizações e rotinas. A capacidade de identificar parentes fortalece os laços, sustentados tanto pela familiaridade quanto por vínculos genéticos e sociais.

          Papagaios

            Papagaios, embora menos estudados nesse sentido do que mamíferos, também mostram evidências de reconhecimento de parentes, especialmente entre pais e filhotes ou entre irmãos.

            Muitos deles nascem em ninhos comunitários ou em situações em que há múltiplos filhotes e, depois de um tempo fora do ninho, ainda retornam ou interagem com parentes. Eles utilizam vocalizações próprias, aprendizado auditivo e imitação para distinguir quem faz parte de sua família, e especialistas em aves falantes indicam que elas podem reconhecer vozes familiares.

            Papagaio-da-testa-azul
            Papagaio-da-testa-azul. Imagem: EyeEm Mobile GmbH / iStock

            Além disso, o laço entre papagaios e seus parentes é mostrado em comportamentos de cuidado parental, de proteção ao ninho e em retorno ao local natal. Por exemplo, filhotes reconhecem o som das chamadas parentais, diferenciando essas de chamadas de pássaros de fora. Essa habilidade tem valor adaptativo, ajudando os jovens a localizarem seus pais para alimentação, ajuda e segurança.