Pesquisa inédita detecta persistência viral em sêmen e leite materno, reforçando necessidade de monitoramento e cuidados prolongados
Um estudo da Universidade Estadual de Washington revelou que mais da metade dos sobreviventes do Ebola do Sudão ainda enfrentam graves problemas de saúde até dois anos após a infecção.
Entre os sintomas mais comuns estão dores articulares e nas costas, perda de memória, dormência nas extremidades, problemas de visão e depressão.
Quase metade relatou dificuldades múltiplas que limitaram atividades básicas do dia a dia, configurando um quadro semelhante ao chamado “Ebola longo”, comparável à COVID longa.

Persistência do vírus no organismo
- Além das sequelas físicas e neurológicas, os pesquisadores encontraram traços do vírus no sêmen por até 210 dias e no leite materno por até 199 dias após a recuperação.
- Em alguns casos, o patógeno chegou a reaparecer meses depois de testes negativos, levantando preocupações sobre possível transmissão sexual e de mãe para filho.
- Como esses fluidos são produzidos em áreas “imunoprivilegiadas” do corpo, a persistência viral pode ocorrer sem sintomas aparentes.
- As descobertas foram publicadas na revista BMC Medicine.
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Implicações para saúde pública
O estudo acompanhou 87 sobreviventes do surto em Uganda entre 2022 e 2023, comparando-os a um grupo de controle da comunidade. Os resultados reforçam a necessidade de cuidados médicos e suporte de longo prazo para os sobreviventes, além de monitoramento contínuo da presença do vírus.
A equipe científica pretende ampliar o acompanhamento para quatro anos e incluir participantes de novos surtos, buscando compreender melhor a longevidade do vírus no organismo e os impactos na saúde reprodutiva e geral dos infectados.

Colaboração para o Olhar Digital
Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.