Tudo sobre Inteligência Artificial
A Andreessen Horowitz (a16z) divulgou, nesta quinta-feira (2), seu primeiro AI Spending Report, em parceria com a fintech Mercury. O documento analisa, a partir de dados de transações, as 50 principais empresas de aplicações de inteligência artificial (IA) que startups estão pagando para utilizar. O levantamento segue a linha de estudos anteriores da empresa, como o Top 100 Gen AI Consumer Apps.

De acordo com as sócias da a16z Olivia Moore e Seema Amble, em entrevista ao TechCrunch, os dados mostram que as startups ainda estão adotando uma ampla variedade de produtos de IA para tarefas específicas, com aplicações surgindo e desaparecendo rapidamente. “Há uma proliferação de ferramentas”, disse Amble. “Não se concentrou apenas em uma ou duas em cada categoria.”
Detalhes do relatório sobre IA
- O relatório destaca um volume significativo de gastos com ferramentas conhecidas, como “human augmentors”, ou “copilotos”, voltadas para aumentar a produtividade da força de trabalho;
- Isso sugere que as startups ainda não estão prontas para migrar totalmente para fluxos de trabalho com agentes autônomos;
- “À medida que o uso do computador se torna um modo e houver mais capacidade para fluxos de agentes de ponta a ponta, acho que veremos menos copilotos e mais ferramentas autônomas”, afirmou Amble;
- No topo do ranking, não surpreende que OpenAI lidere a lista, seguida pela Anthropic em segundo lugar;
- Ferramentas de “vibe-coding” também se destacaram: Replit ocupa a terceira posição, Cursor a sexta, Lovable a 18ª e Emergent a 48ª;
- A Cognition, focada em soluções para empresas, como o Devin e o Windsurf, aparece na 34ª colocação.
O desempenho dessas empresas mostra diferenças entre consumo e gasto corporativo. No levantamento voltado a consumidores, por exemplo, o Lovable superou o Replit em tráfego, pois muitos o utilizavam para criar projetos pessoais.
No entanto, startups gastam mais com o Replit, em parte pela ausência de recursos empresariais no Lovable. Segundo Moore, ainda não está claro se o setor de vibe coding se consolidará em uma única plataforma ou se haverá espaço para quatro ou cinco grandes companhias voltadas a diferentes aplicações. “Não temos a resposta para isso ainda”, disse.

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Surpresas na lista
Moore destacou surpresa ao ver startups utilizando ferramentas orientadas ao consumo, como CapCut e Midjourney. “Estamos vendo que muitas dessas empresas [de consumo] estão sendo puxadas para o mercado corporativo cada vez mais rápido, porque criam ferramentas tão atraentes para o consumidor que acabam sendo adotadas em equipes e locais de trabalho”, afirmou.
De forma geral, as aplicações horizontais representaram ao menos em 60% das empresas listadas, enquanto 40% foram verticais. Entre estas, as mais populares se concentraram em vendas, recrutamento e atendimento ao cliente.
O estudo também mostra que a IA vem conquistando espaço em setores que antes eram dominados por consultorias e serviços. “O que antes talvez fosse uma empresa de serviços ou consultoria agora é uma empresa de software na era da IA”, disse Moore.
Amble citou a Crosby Legal como exemplo, empresa que consegue revisar rapidamente contratos legais, substituindo uma reunião com advogados internos. Segundo ela, por enquanto, a maioria das ferramentas funciona como copilotos que auxiliam os funcionários a tomarem decisões mais rápidas, mas não substituem equipes inteiras.
“Conforme a tecnologia melhorar e for possível construir colegas de trabalho autônomos, veremos a migração para agentes de ponta a ponta e menos copilotos”, afirmou, acrescentando que tais sistemas já podem realizar tarefas, como outreach, mais rapidamente do que humanos.
Outro segmento em destaque foi o de aplicativos de anotações, como Otter.ai, Read AI e HappyScribe. Nenhum deles, contudo, domina o mercado. Amble explicou que as startups estão escolhendo “suas próprias versões” para avaliar qual se adapta melhor, o que permite aos funcionários usarem ferramentas que melhoram sua produtividade em vez de um produto padronizado “imposto de cima para baixo”.

O relatório também mostra a crescente integração entre o uso pessoal e corporativo de aplicações. Softwares inicialmente voltados para consumidores estão sendo incorporados ao dia a dia de startups, como no caso do Canva, que levou anos para criar um plano empresarial e hoje atende ambos os públicos.
“Seu mercado endereçável total não é mais um ou outro, mas ambos”, disse Amble. Segundo ela, empresas podem se “profissionalizar” mais rápido, montando equipes de vendas e suporte para gerar receita empresarial sem depender apenas de usuários individuais.
Moore e Amble acreditam que a lista mudará rapidamente nos próximos anos. Companhias mais antigas estão lançando recursos de IA para se manterem relevantes, enquanto novos entrantes chegam ao mercado.
“Jogadores legados, legado significa quase ‘o que era 12 meses atrás’”, disse Amble. “Se fizermos esse levantamento de novo em 12 meses, será que os mesmos apps de anotação ainda estarão na lista? Ou teremos um conjunto totalmente novo?”