Abordagem inovadora com Salmonella oferece novas esperanças para pacientes com câncer colorretal, um dos mais letais do mundo

(Imagem: mi_viri/Shutterstock)

Pesquisadores da Universidade Nacional de Cingapura e da Universidade Centro-Sul da China desenvolveram uma abordagem inovadora para tratar o câncer colorretal: uma cepa de Salmonella typhimurium geneticamente modificada capaz de se autodestruir dentro de tumores e liberar moléculas que ativam o sistema imunológico.

Este tipo de câncer, que recentemente vitimou a cantora Preta Gil, tem sido mais comum em pessoas jovens, abaixo dos 50 anos.

Ilustração de um estômago, com a localização, em vermelho, da localização do câncer
Cepa de Salmonella geneticamente editada reduziu o crescimento tumoral e aumentou a sobrevida em camundongos (Imagem: Mohammed Haneefa Nizamudeen/iStock)

A bactéria, enfraquecida e já considerada segura em testes anteriores, foi equipada com um circuito de lise sincronizada (CSL), que faz com que ela se destrua em massa ao atingir alta densidade dentro do tumor.

No processo, libera a proteína LIGHT, que se liga ao receptor HVEM nas células imunes, estimulando a formação de estruturas linfoides terciárias maduras (mTLSs) – verdadeiros “centros de comando” do sistema imunológico.

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Resultados promissores em camundongos

  • Nos testes, a terapia aumentou células imunes protetoras (ILC3s) e reduziu células menos eficazes (ILC1s).
  • Além disso, organizou mTLSs com células B e T, melhorando o combate ao tumor e ativou células T CD8+, que produziram substâncias letais para células cancerígenas.
  • A terapia reduziu significativamente o crescimento tumoral e melhorou a sobrevida, com alguns casos de controle completo do câncer.
  • Os efeitos dependem da via de sinalização LIGHT-HVEM e da presença das ILC3s — sem elas, não houve benefício.
Cientistas transformaram Salmonella em um “medicamento vivo” que se autodestrói dentro do tumor e ativa poderosos centros imunológicos (Imagem: iStock/peterschreiber.media)

Limitações e próximos passos

Os resultados ainda são limitados a camundongos. O sistema imunológico humano pode reagir de forma diferente, e terapias com bactérias vivas trazem riscos de infecção ou interações inesperadas com a microbiota.

Mesmo assim, os autores enxergam potencial para transformar o tratamento: “Essa abordagem pode abrir caminho para ‘medicamentos vivos’ programáveis que remodelam o ambiente tumoral de dentro para fora”, afirma Pengfei Rong, coautor do estudo.

A equipe pretende avançar para ensaios clínicos em humanos. O trabalho foi publicado na Science Translational Medicine.

Bactéria projetada ativa células de defesa e pode abrir caminho para imunoterapias mais eficazes contra o câncer colorretal (Imagem: New Africa/Shutterstock)

Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.