Pimenta: Bocalom só desiste da candidatura ao governo se apenas uma pessoa pedir

Além de fiel escudeiro, Bittar é quem dá as cartas no PL no Acre e terá o poder de definir os rumos do partido

O fim de semana foi marcado pelo rompimento público entre a vice-governadora Mailza Assis e o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom – ambos cotados para disputar o governo em 2026.

No meio do fogo cruzado, o governador Gladson Cameli, principal articulador da própria sucessão, tentou minimizar a crise. Ele negou que a relação política entre Mailza e Bocalom tenha chegado ao fim e classificou o episódio como um “desentendimento natural” em um grupo que convive com disputas internas pelo Palácio Rio Branco.

Gladson disse ainda que houve uma “interpretação errada” por parte da vice e revelou que conversou pessoalmente com Bocalom durante a festa dos 121 anos de Cruzeiro do Sul, no domingo (28).

“O grupo todo vai estar na mesa sentado para que a gente possa sair unido nas eleições de 2026. Tem muita água por debaixo da ponte”, afirmou.

Só um pode convencê-lo

Enquanto Mailza já bateu o martelo – será candidata com ou sem o prefeito no páreo –, todos sabem que Bocalom só recua se ouvir um pedido específico: o do senador Márcio Bittar.

Bittar e Bocalom são aliados políticos e estarão no mesmo palanque em 2026/Reprodução

Foi assim em 2024, nas eleições municipais, quando o senador atuou como bombeiro político. Bittar é não apenas aliado, mas também amigo próximo e conselheiro de Bocalom. O prefeito reconhece que sua candidatura ao governo pode atrapalhar os planos de reeleição do senador, que sonha em disputar lado a lado com Gladson as duas cadeiras do Senado em 2026.

Além de fiel escudeiro, Bittar é quem dá as cartas no PL no Acre e terá o poder de definir os rumos do partido. Se entender que a candidatura de Bocalom ameaça a unidade da direita, pode acabar impondo uma mudança de rota.

Campanha antecipada

As movimentações do prefeito reforçam que a disputa pelo governo está, de fato, no seu radar. Nas últimas semanas, Bocalom tem rodado o interior com uma agenda intensa: passou por Sena Madureira, Feijó e, mais recentemente, por Cruzeiro do Sul, segunda maior cidade do Acre.

Mas conquistar prefeitos não será tarefa simples. Mailza tem a seu favor o PP, que comanda 14 prefeituras no estado – e boa parte delas está diretamente ligada à sua articulação política.

Vice, Nicolau ou nada?

Para encerrar o impasse, interlocutores do governo já sugeriram que Bocalom aceite ser candidato a vice-governador na chapa de Mailza – uma saída que agradaria parte do grupo.

Se a proposta não prosperar, há um plano B guardado no Palácio Rio Branco: o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Nicolau Júnior.

Nesta segunda-feira (29), Gladson não escondeu simpatia pelo nome do aliado:

“Ele é um nome forte, que está sendo apreciado. Não é a primeira vez que digo isso. Qual o político que não sonha em ser governador do Acre? Temos que pensar em novas lideranças”, afirmou o governador.