De acordo com o Ministério da Saúde do Japão, existem 99.763 pessoas com 100 anos ou mais vivendo no país, sendo quase 88% mulheres
O Japão lidera, há anos, o ranking de países com maior expectativa de vida do mundo. Recentemente, o governo japonês anunciou que o número de pessoas com 100 anos ou mais vivendo no país atingiu um novo recorde.
De acordo com o Ministério da Saúde do Japão, são 99.763 pessoas consideradas centenárias. Deste total, 87.784 são mulheres, o que representa quase 88%. Mas o que explica essa diferença na longevidade entre os sexos?

Dieta e atividade física são segredos para alcançar a longevidade
Uma reportagem da BBC aponta que, na década de 1960, o Japão era o país membro do G7, grupo das nações mais ricas do mundo, com a menor proporção de pessoas com mais de 100 anos. Desde então, esse índice mudou dramaticamente. Em 1963, quando as autoridades começaram a registrar o número de centenários, havia 153 pessoas com 100 ou mais anos no país. O número subiu para 1000 em 1981 e chegou a 10 mil em 1998.
A maior expectativa de vida é atribuída a menos mortes por doenças cardíacas e formas mais comuns de câncer. O Japão ainda tem índices mais baixos de obesidade graças a uma dieta com baixo consumo de carne vermelha e alto consumo de peixe, legumes e verduras. Além disso, através de campanhas de saúde pública, as autoridades do país convenceram a população a reduzir o consumo de açúcar e sal.
Essa dieta estaria associada a níveis mais baixos de pressão arterial e menor incidência de doenças vasculares. O índice de obesidade é particularmente baixo entre as mulheres, o que pode talvez explicar por que mulheres japonesas têm expectativa de vida muito mais alta do que homens.
O povo japonês também tende a permanecer ativo por mais tempo ao longo da vida, caminhando e usando transporte público mais do que idosos nos Estados Unidos e Europa, por exemplo. Desde 1928, o programa diário de ginástica Rádio Taiso cumpre um importante papel na cultura japonesa. Transmitido pela TV, ele foi criado para incentivar o espírito comunitário e a saúde pública com três minutos e meio de exercícios que são praticados por pequenos grupos em todo o país.
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- Apesar de diversos estudos comprovarem a elevada expectativa de vida japonesa, o número de centenários no país pode ser exagerado.
- Isso porque existem questionamentos sobre a validade dos dados.
- Especialistas sugerem que registros públicos pouco confiáveis e a falta de certidões de nascimento poderiam estar por trás dos números elevados.
- Em 2010, uma auditoria feita pelas autoridades japonesas identificou mais de 230 mil pessoas supostamente com 100 anos ou mais que não puderam ser localizadas.
- Algumas delas tinham, na verdade, morrido décadas antes.
- Suspeita-se, também, de que algumas famílias escondam a morte de parentes idosos de forma a continuar recebendo suas aposentadorias.
Colaboração para o Olhar Digital
Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.