Olhar Digital > Pro > Projetos de data center custam cada vez mais; entenda a razão

Gastos de até US$ 3 trilhões equivalem ao PIB da França e levantam dúvidas sobre energia, água e sustentabilidade do setor

Imagem: Aerovista Luchtfotografie/Shutterstock

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Um novo relatório do Morgan Stanley estima que cerca de US$ 3 trilhões serão investidos globalmente em data centers voltados para inteligência artificial até 2029 — valor equivalente ao PIB da França em 2024.

Metade será destinada à construção, e a outra metade, ao hardware de ponta, incluindo gabinetes de chips da Nvidia que custam cerca de US$ 4 milhões cada.

Uma análise da BBC busca explicar a razão de projetos de data centers movimentarem cifras tão massivas e até onde esses gastos podem chegar.

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Empresas investem trilhões para treinar modelos de IA — mas consumo de energia e água preocupa comunidades e governos – Imagem: IR Stone/Shutterstock

A “nova era” dos data centers

  • Diferentes dos data centers tradicionais, os voltados para IA são extremamente densos e energívoros.
  • A proximidade entre chips reduz atrasos microscópicos no processamento, o que é crucial para treinar Modelos de Linguagem Grande (LLMs).
  • Essa alta densidade, no entanto, gera picos de consumo de energia equivalentes a milhares de casas ligando e desligando aparelhos ao mesmo tempo.

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Microsoft, Google e Amazon lideram a construção de centenas de data centers — e de novas usinas de energia – Imagem: Make more Aerials/Shutterstock

“Uma carga de trabalho singular nessa escala é inédita — é um desafio de engenharia tão extremo quanto o programa Apollo”, disse Daniel Bizo, do The Uptime Institute.

Para lidar com a demanda crescente, empresas como Microsoft, Google e AWS estão investindo em energia limpa, nuclear e até em turbinas a gás para garantir fornecimento estável.

No entanto, o consumo de água para resfriamento e o impacto ambiental já geram resistência em comunidades locais, como na Virgínia (EUA) e em Lincolnshire (Reino Unido).

Bolha ou futuro inevitável?

Especialistas divergem sobre a sustentabilidade dessa “corrida do ouro” da IA. Para Zahl Limbuwala, da DTCP, “o investimento precisa gerar retorno, ou o mercado se corrigirá”. Ainda assim, ele acredita que a IA justifica o tamanho do esforço:

“A IA terá mais impacto do que tecnologias anteriores, incluindo a internet. É possível que precisemos de todos esses gigawatts.” Apesar do entusiasmo, analistas alertam que o boom de gastos não pode se manter indefinidamente.

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Estruturas hipercompactas exigem energia em escala inédita e pressionam infraestrutura elétrica e ambiental (Imagem: rameez126/Shutterstock)

Leandro Costa Criscuolo

Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.