Nos últimos anos, o termo Dark Romance tem aparecido cada vez mais em discussões sobre literatura, filmes e séries. Diferente das histórias românticas tradicionais, que exaltam o amor como algo puro, leve e transformador, esse gênero mergulha nas camadas mais obscuras da experiência humana.
Nele, o romance convive com elementos de dor, trauma, perigo, obsessão e moralidade ambígua, o que gera sentimentos contraditórios no público.
O crescimento desse tipo de histórias tem ligação direta com a busca por obras mais intensas, que ultrapassem os limites do romance convencional.
Em vez de oferecer apenas conforto emocional, o Dark Romance coloca os personagens diante de dilemas éticos, segredos sombrios e relacionamentos desequilibrados, criando uma mistura de tensão e atração, em que o leitor ou espectador é confrontado com a pergunta: até que ponto o amor justifica certas escolhas?
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Se você consome livros, filmes e séries atuais, pode ser que já tenha se deparado com alguma obra de Dark Romance sem ao menos saber que faz parte desse gênero. Veja abaixo na matéria mais informações sobre como ele surgiu, sua diferença do romance tradicional, e ainda alguns títulos que se destacam nessa tendência. Continue lendo!

Dark Romance: tudo o que você precisa saber sobre a nova tendência nos filmes, livros e séries
Dark Romance é um subgênero do Romance, que mistura narrativas românticas com elementos de tensão psicológica, moralidade questionável e situações de risco.
O centro da história é um relacionamento romântico, mas ele se desenvolve em um ambiente carregado de dor emocional, segredos, desequilíbrio de poder ou até mesmo violência. Ele chama atenção justamente por apresentar um contraste entre a vulnerabilidade do amor e a dureza dos obstáculos que o cercam.
Personagens de Dark Romance geralmente são imperfeitos e complexos, deixando de lado os papeis tradicionais de herói “perfeito” ou mocinha “idealizada”, mas apostando em indivíduos marcados por traumas, escolhas ruins e comportamentos que desafiam o julgamento do leitor ou espectador. O romance é construído em meio a esse cenário, muitas vezes transitando entre atração e repulsa, carinho e dor.
O gênero tem raízes no Dark Romanticism, movimento literário do século XIX, com escritores como Edgar Allan Poe, Nathaniel Hawthorne e Emily Brontë explorando o lado sombrio das emoções humanas, unindo romance com elementos de tragédia, obsessão e decadência. Obras como “O Morro dos Ventos Uivantes” já antecipavam muito do que hoje reconhecemos como Dark Romance.
Com o passar dos séculos, o estilo foi sendo reinterpretado em diferentes formatos. No cinema clássico, filmes como “Rebecca” (1940), de Alfred Hitchcock, misturavam amor, suspense e segredos obscuros, enquanto na literatura contemporânea, o gênero ganhou força com a popularização de livros digitais, fanfics e plataformas como Wattpad, que permitiram a autores independentes explorar romances mais ousados e fora do padrão.
Diferença para o romance tradicional
No romance tradicional, o conflito central geralmente é decorrente de elementos como incompatibilidade, distância física ou social, obstáculos externos suaves, mal-entendidos, etc. Os personagens costumam ter a ter moral mais clara, e o ambiente tende a ser seguro emocionalmente.
Já no Dark Romance acontece um contraste, podendo introduzir violência (física ou psicológica), poder abusivo, relacionamentos problemáticos, traições intensas, manipulação ou risco, por exemplo.
Outra grande diferença é o tom, já que o Dark Romance muitas vezes tem uma atmosfera mais pesada, sombria, às vezes até gótica ou sobrenatural, ou com ambientações que reforçam o conflito emocional (lugares isolados, mistério, segredos e passado traumático). Há menos suavidade no desenrolar da narrativa: a tensão é uma presença constante.
Além disso, os finais podem ser bastante diferentes: enquanto romances tradicionais têm o famoso HEA (Happy Ever After, final feliz absoluto) ou pelo menos um “felizes com dificuldade”, os relatos de Dark Romance podem ter finais mais ambíguos, redentores ou perturbadores. Eles podem deixar traços de sofrimento, cicatrizes emocionais ou consequências, sem apagar totalmente o peso da narrativa.
Quem é o público de Dark Romance?
Ainda que temas pesados possam parecer ser direcionados para uma audiência adulta, o Dark Romance atinge principalmente jovens adultos (18-30 anos), um público que busca narrativas intensas, emocionais, emocionantes e que falam de conflitos internos, de identidade, de poder, segredos, etc. Essa faixa etária costuma ser a mais ativa em plataformas como redes sociais, fóruns de leitura, BookTok e Wattpad, por exemplo.
Também há uma predominância de público feminino entre leitores e espectadores desse gênero, embora isso não exclua ninguém. Parte do apelo está em personagens masculinos (ou pares românticos) complexos, muitas vezes anti-heróis ou com traços moralmente ambíguos, o que acaba inclusive gerando debates sobre romantização de comportamentos tóxicos.
Além disso, o Dark Romance costuma atrair um público que gosta de emoções fortes, de histórias que fogem do óbvio, que querem que os romances tenham mais do que “amor puro”. Eles buscam por uma trama com riscos, sofrimento, desafios, superação em alguns casos e até mesmo tragédias. E o gênero também se adapta para diferentes subgêneros, como sobrenatural, suspense psicológico, crime, entre outros.
Exemplos de obras famosas
Livros:
- “O Morro dos Ventos Uivantes” (Emily Brontë): clássico do século XIX, marcado pela paixão obsessiva e destrutiva entre Heathcliff e Catherine.
- “Captive in the Dark” (C. J. Roberts): obra contemporânea considerada referência do gênero, explorando desequilíbrio de poder e dilemas psicológicos.
- “Cinquenta Tons de Cinza” (E. L. James): mesmo criticado, popularizou elementos de poder, dominação e tensão emocional que o aproximam do Dark Romance.
- “Louca Obsessão” (Danielle Lori): mistura de romance e suspense, com personagens sombrios e moralmente questionáveis.
Filmes e séries:
- “Requiem Para Um Sonho” (2000): embora não seja um romance tradicional, explora relações humanas intensas, destrutivas e dolorosas.
- “A Criada” (2016): adaptação do romance Fingersmith, traz um relacionamento marcado por manipulação, obsessão e desejo.
- “You” (série da Netflix): acompanha Joe Goldberg, cuja obsessão amorosa se mistura com manipulação e violência, típico do Dark Romance.
- “Foi Apenas Um Sonho” (2008): mostra a degradação de um casamento, revelando que nem todo amor resiste a frustrações e ilusões.
Todas essas histórias apresentam romances em que amor e sofrimento estão lado a lado, com personagens que são moralmente imperfeitos, relacionamentos que trazem desequilíbrios, e os finais muitas vezes não oferecem conforto. A estética do Dark Romance está presente na forma como os sentimentos são explorados, cheios de intensidade, complexidade e, às vezes, destruição.
Críticas, controvérsias e o sucesso nas redes sociais
Apesar de fazer bastante sucesso e estar em alta hoje em dia, o Dark Romance ainda divide opiniões. Muitos críticos argumentam que ele romantiza relacionamentos abusivos, já que algumas histórias mostram manipulação, dominação ou violência como parte da construção do romance. Essa questão é discutida principalmente entre o público jovem, por causa do risco de confundir ficção com realidade.
Por outro lado, quem gosta e defende o gênero aponta que ele é uma forma de liberar emoções ou tensões reprimidas, um espaço seguro para explorar fantasias e medos sem os viver de fato. Além disso, muitos autores incluem alertas de gatilho para preparar os leitores e espectadores sobre os temas sensíveis abordados.
Além disso, plataformas como TikTok (com a comunidade BookTok) e Wattpad foram decisivas para a popularização do Dark Romance. Os vídeos curtos, as resenhas apaixonadas e diversas fanarts criaram uma verdadeira onda de interesse por esse tipo de narrativa, levando a vendas massivas de livros e até a adaptações audiovisuais.
O sucesso também se explica pela mudança cultural, pois hoje o público busca histórias menos idealizadas e mais próximas das contradições da vida real, e o Dark Romance entrega narrativas intensas, controversas e emocionalmente complexas.
O gênero mostra que o amor não é apenas luz, mas também sombra, gerando curiosidade e admiração justamente por explorar limites e expor a vulnerabilidade humana em sua forma mais crua. Entre críticas e fãs, ele se consolida como uma das tendências mais marcantes da cultura pop atual, atraindo diversos leitores e espectadores.