Quase dois anos após a morte da enfermeira Géssica Melo de Oliveira, de 32 anos, a Justiça do Acre realiza nesta quarta-feira (24) a primeira audiência de instrução relacionada ao caso. A sessão, marcada para as 8h30 em Senador Guiomard, vai ouvir os dois policiais militares denunciados por homicídio qualificado, fraude processual e porte ilegal de arma de fogo.

Mãe de três filhos, Géssica foi baleada em 2 de dezembro de 2023: Foto/ Reprodução
Mãe de três filhos, Géssica foi baleada em 2 de dezembro de 2023, durante uma perseguição policial na BR-317, em Capixaba. Os laudos periciais apontaram que a arma atribuída a ela foi colocada na cena do crime, que a vítima não estava sob efeito de entorpecentes e que os tiros que a atingiram partiram das armas dos policiais envolvidos.
Segundo o advogado Walisson Reis Pereira da Silva, que representa a família da enfermeira, esta primeira audiência será voltada para ouvir as testemunhas de acusação, incluindo peritos, médicos, delegados e demais profissionais que participaram das investigações. “Os policiais serão ouvidos por último e, com base no conjunto probatório, o juiz da Vara Criminal de Senador Guiomard vai proferir a sentença de pronúncia, que pode levá-los a julgamento pelo Tribunal do Júri”, explicou.
Ele acrescentou que as provas colhidas reforçam a materialidade e autoria do crime, destacando que o sargento Vilas Boas teria plantado uma arma para incriminar a enfermeira, informação que foi desmentida pela perícia.
Após a decisão de pronúncia, o processo segue para o Tribunal do Júri, onde caberá aos jurados decidir pela condenação ou absolvição dos réus. A possibilidade de absolvição, segundo a acusação, é remota diante da robustez das evidências que indicam uma execução covarde, afastando a tese de legítima defesa.
O advogado criticou ainda o fato de os acusados estarem em prisão domiciliar: “É um caso grave, de grande repercussão, inclusive passou na rede nacional, e precisa de uma resposta do poder judiciário do Estado do Acre. Estamos confiantes de que eles serão pronunciados e julgados pelo Tribunal do Júri. Não era para estar em liberdade com a justificativa de que tinham filhos menores ou com deficiência para cuidar, enquanto a enfermeira deixou três filhos órfãos, sendo o mais velho com 11 anos, que nunca mais vai poder ver a mãe em vida.”
A audiência desta quarta-feira é considerada um marco para o andamento do processo, reunindo provas e depoimentos que devem consolidar a base para o julgamento dos policiais militares.