Juruá Informativo

Após um século, povos Nawa e Kapanawa se reencontram e firmam aliança cultural no Peru

O reencontro veio após um século/Foto: Ykarunī Nawa/Funai

A relação entre os povos Nawa e Kapanawa foi reafirmada durante um reencontro realizado na comunidade de Limoncocha, no Peru, que resultou na assinatura da Carta de Limoncocha. O documento destaca a identidade compartilhada entre os dois grupos, além da necessidade de intercâmbios permanentes, fortalecimento cultural e linguístico e trocas de informações sobre os territórios em áreas de fronteira.

O reencontro veio após um século/Foto: Ykarunī Nawa/Funai

Registros históricos confirmam a ligação. Em 1922, o livro O Juruá Federal: o território do Acre, de José Moreira Brandão Castello Branco Sobrinho, trouxe um diálogo com Mariruni, que se identificava como Kapanawa. Em 1943, o etnólogo Curt Nimuendaju reforçou a relação em seu mapa etnolinguístico do Brasil e regiões adjacentes. “No Brasil, fomos nomeados erroneamente como Nawa, no período do contato por volta de 1903, mas nossa ancestral Mariruni era Kapanawa. Ela deixou esse registro”, explicou Ykaruni Nawa.

A delegação Nawa percorreu um trajeto de cinco dias para participar do encontro. O percurso incluiu passagens por Brasília, Lima, Iquitos, Requena, Santa Elena e Fátima, no alto rio Tapiche. “Foi muito esforço chegar até aqui. São cinco dias seguidos de viagem saindo da minha aldeia. Se ajustarmos as coordenadas geográficas, conseguimos chegar aqui na comunidade Limoncocha por dentro da mata. Nosso território não está distante”, disse o cacique Railson Nawa, que pretende organizar uma nova reunião cruzando diretamente a floresta para reduzir o tempo de deslocamento.

Sair da versão mobile