Quem tem medo de agulha e tem obesidade pode ter, em breve, uma nova opção de tratamento. Afinal, um novo comprimido para ajudar na perda de peso mostrou resultados animadores em um estudo internacional.
O comprimido diário de 25 mg de semaglutida (princípio ativo dos já famosos Ozempic e Wegovy) proporcionou uma perda média de 16,6% do peso corporal em adultos com obesidade ou sobrepeso após 64 semanas de uso – isto é, cerca de 1 ano e 3 meses.
Os dados foram publicados recentemente no periódico The New England Journal of Medicine e fazem parte do estudo OASIS 4, conduzido pela farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk em parceria com instituições dos Estados Unidos. A pesquisa envolveu 307 participantes adultos sem diabetes, mas com comorbidades associadas ao peso.
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Além da redução significativa de peso, um em cada três participantes emagreceu ainda mais do que a média, perdendo 20% ou mais do peso inicial. Segundo os autores, esse é um avanço importante rumo a opções de tratamento menos invasivas e mais acessíveis, com potencial para melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas com obesidade no mundo todo.

Semaglutida oral para emagrecer: o que mostrou o estudo?
- A perda de peso média foi de 16,6% com a dose diária de 25 mg.
- Um terço dos participantes perdeu mais de 20% do peso corporal.
- O medicamento também melhorou a capacidade física e fatores de risco cardíacos.
- Efeitos colaterais mais comuns foram náuseas e vômitos leves a moderados.
- O estudo reforça o potencial de um comprimido diário como alternativa às injeções.
Como funciona a semaglutida oral e o que dizem os especialistas
A semaglutida é uma substância que imita a ação do hormônio GLP-1, que regula o apetite e o metabolismo da glicose. Até então, sua aplicação era feita via injeções, como no caso do Wegovy injetável. Agora, a versão em comprimido de uso diário mostrou eficácia semelhante.
Mesmo em análises que consideraram possíveis falhas de adesão ao tratamento (como esquecer de tomar o remédio), a perda média de peso foi de 13,6%. Além disso, os participantes relataram melhora na mobilidade para tarefas simples, como caminhar ou levantar-se, e redução de fatores de risco cardiovascular.

Para a diretora médica da Novo Nordisk no Brasil, Marília Fonseca, o novo formato pode aumentar a adesão dos pacientes: “A chegada de uma formulação oral de alta eficácia é um marco. […] Sabemos que a preferência por um tratamento oral pode ser um fator decisivo para muitas pessoas”.
O estudo também reforçou a segurança do medicamento. Segundo o médico canadense Sean Wharton, autor principal da pesquisa, a semaglutida em comprimido pode incentivar aqueles que ainda não buscaram ajuda a considerar iniciar um tratamento:
Pessoas com sobrepeso ou obesidade têm preferências individuais e, com a semaglutida oral como uma nova opção de tratamento potencial, mais pessoas que hoje não estão em tratamento podem considerar iniciar uma terapia com GLP-1.
Sean Wharton
A análise da FDA (a agência reguladora dos EUA) sobre o pedido de aprovação da versão oral está prevista para ser concluída até o fim de 2025. Caso aprovada, será a primeira terapia oral com GLP-1 para controle crônico de peso disponível no mercado.
O que isso muda na prática?
A obesidade é uma condição complexa e crescente no mundo todo, com impactos na saúde física, emocional e na qualidade de vida. A possibilidade de uma opção eficaz em comprimido, ao invés das canetinhas injetáveis, pode ser uma virada de chave na adesão ao tratamento.
Mais do que emagrecer, o estudo destaca benefícios adicionais, como melhora no dia a dia e na saúde cardiovascular. A semaglutida oral pode representar um avanço ao tornar o cuidado com a obesidade mais acessível, conveniente e adaptado às realidades dos pacientes.