Objetos interestelares como o 3i/ATLAS são abundantes em nossa galáxia; novos telescópios poderão revelar dezenas deles
Astrônomos revelaram que visitantes interestelares como o Oumuamua, o Borisov e o 3I/ATLAS existem em abundância na Via Láctea. Novos observatórios, como o Vera C. Rubin, recém-inaugurado no Chile, podem aumentar nossa capacidade de detectar esses corpos espaciais viajantes.
Embora a humanidade tenha identificado apenas três deles na história, os ISOs (sigla em inglês para objetos espaciais interestelares) são comuns pela galáxia. Durante a reunião conjunta do Europlanet Science Congress (EPSC) e da Divisão de Ciências Planetárias (DPS), realizada na última semana em Helsinque, Finlândia, pesquisadores reafirmaram essa informação.
“Esses tipos de objetos interestelares são os corpos macroscópicos (capazes de se observar a olho nu) mais comuns na galáxia. O fato de termos encontrado apenas três deles é bem intrigante”, disse Chris Lintott, professor de astrofísica da Universidade de Oxford, segundo a cobertura do evento pelo site Space.com.

Leia mais:
- Algo estranho está acontecendo no cometa interestelar 3I/ATLAS
- Veja a “cabeleira” verde de gás do visitante interestelar 3I/ATLAS
- 8 curiosidades sobre o mais novo visitante interestelar do Sistema Solar
Telescópios modernos podem detectar dezenas de visitantes interestelares
Os ISOs são planetesimais: blocos de rocha que funcionam como os tijolos de construção dos planetas. Por diversos motivos, eles conseguiram escapar de seus sistemas estelares e vagam pelo cosmos.
Segundo Lintott, astrônomos acreditam que existem trilhões deles na Via Láctea. “Quase sempre há um passando pelo Sistema Solar”, disse. Para ele, a humanidade tem dificuldade em detectá-los porque são pequenos, escuros e se movem rapidamente.
No entanto, esse cenário está prestes a mudar. A pesquisadora Rosemary Dorsey liderou uma equipe de estudo que estimou quantos ISOs diferentes uma campanha telescópica pode detectar.
Segundo a pesquisa, o Levantamento de Legado do Espaço e do Tempo (LSST, na sigla em inglês) – uma campanha de 10 anos em que astrônomos utilizarão o Observatório Vera C. Rubin para captar imagens de alta resolução do céu noturno – será capaz de detectar de seis a 51 visitantes interestelares.
Os pesquisadores acreditam que os ISOs são uma oportunidade única de se estudar os astros da Via Láctea para além do Sistema Solar. Enviar uma sonda para esses objetos seria a chance de a humanidade examinar amostras de exoplanetas, o que expandiria a compreensão sobre a química e a história evolutiva de nossa galáxia.
Samuel Amaral é jornalista em formação pela Universidade de São Paulo (USP) e estagiário de Ciência e Espaço no Olhar Digital.
Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.