Não é só em Nazaré; entenda como se formam as ondas gigantes

Em 24 de fevereiro de 2024, o alemão Sebastian Steudtner bateu o seu próprio recorde ao surfar uma onda de 28,57 metros de altura na Praia do Norte, em Nazaré (Portugal).

O Guinness World Records ainda não reconheceu oficialmente a nova marca, mas isso é questão de tempo. E não que Steudtner esteja preocupado: até porque o atual recorde é dele também, de 29 de outubro de 2020, também em Nazaré (só que em uma onda de 26,21 metros).

A pequena vila portuguesa com apenas 10 mil habitante se tornou um dos lugares mais famosos do surfe nas últimas décadas. Um reduto para praticantes do esporte, mas também para os aficionados por emoção – e por que não, pelo perigo também.

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Surfar uma onda com esse tamanho todo pode causar um acidente grave. É quase como cair de um prédio de 7 andares, com o agravante ainda de que, se estiver desacordado, o surfista pode afundar em águas profundas.

Não que os aventureiros estejam muito preocupados com isso. Tanto que os números vêm aumentando nos últimos anos. Assim como os locais. Nazaré não está sozinha nessa história.

Outros pontos e a explicação para ondas gigantes

  • Waimea Bay, no Havaí, também figura nessa lista, com ondas que podem atingir os 25 metros de altura.
  • Já em Mavericks, na Califórnia, as ondas podem chegar aos 20 metros.
  • Existem outros pontos famosos, como Shipstern’s Bluff, na Tasmânia, e Teahupo’o, na Polinésia Francesa.
  • Em todos os casos, a explicação para o fenômeno vem da geografia local.
  • A orla de Nazaré, por exemplo, está localizada em um local bastante peculiar.
  • Perto da costa e sob as águas se localiza o maior cânion submarino da Europa.
  • Esse cânion é uma fratura tectônica que se estende desde o mar profundo do Atlântico até a beira da costa.
  • Ele possui uma extensão de cerca de 227 quilômetros, com profundidades que variam entre 50 e 5000 metros.
  • Toda essa extensão forma uma espécie de corredor, um túnel de vento, só que dentro d’água.
  • As ondas gigantes aparecem normalmente no inverno, pois essa época do ano é marcada por tempestades no meio do Atlântico.
  • As ondas gigantes nascem justamente desses temporais no meio do mar – e viajam pelo cânion até chegar aos surfistas, mais perto da costa.
Nazaré virou um reduto para surfistas nas últimas décadas, mas não é o único lugar do mundo com ondas gigantes – Imagem: R.M. Nunes/Shutterstock

Ondas colossais pela história

Apesar de gigantescas, as ondas de Nazaré e das outras praias sobre as quais falamos acima nem se comparam às maiores ondas já registradas na história (e essas outras não são “surfáveis”, por assim dizer).

Foi o que aconteceu em Lituya Bay, no Alasca, em 10 de julho de 1958. Nessa data, um terremoto de magnitude 7,8 abalou a Falha Fairweather no sudeste do Alasca, fazendo com que 90 milhões de toneladas de rocha caíssem na Baía de Lituya.

O resultado foi uma onda que, segundo registros da época, teria alcançado inacreditáveis 524 metros (sim, é quase tão alto quanto o One World Trade Center, o maior arranha-céu dos Estados Unidos.

Esse tipo de onda colossal costuma ter origem em fenômenos naturais extremos, como terremotos, erupções vulcânicas ou deslizamentos de terra. Ou até mesmo à queda de asteroides.

Cientistas estimam que o impacto de Chicxulub provavelmente causou uma onda de tsunami em forma de anel de até 1,5 km! Se você não ligou o nome ao asteroide, o Chicxulub foi o responsável pela extinção dos dinossauros, há 66 milhões de anos.

Sim, o asteroide que varreu os dinossauros da Terra também teria causado uma onda gigantesca – Imagem: Mikael Damkier – Shutterstock

Texto feito com base em uma reportagem do Olhar Digital de 27/10/2024.