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Como funciona uma mina terrestre?

Como funciona uma mina terrestre?

Poucos dispositivos militares causam tanto impacto físico e psicológico quanto uma mina terrestre. Pequena, silenciosa e muitas vezes invisível aos olhos, essa arma representa um dos maiores perigos em áreas de conflito, permanecendo ativa por anos ou até décadas após o fim das guerras.

Elas não distinguem soldados de civis, nem combatentes de crianças ou agricultores. E embora sua presença seja amplamente condenada por organizações internacionais, milhões delas ainda estão espalhadas pelo mundo, prontas para detonar ao menor contato.

Mas afinal, como funciona uma mina terrestre? O que acontece no momento do disparo? Que tipos existem e por que ainda são utilizadas em pleno século 21, mesmo com tantos avanços tecnológicos?

O que você precisa saber

O que é uma mina terrestre?

Uma mina terrestre é um explosivo projetado para ser colocado no solo e detonar quando uma pessoa ou veículo passa por cima ou se aproxima. Ao contrário de bombas comuns, que são lançadas ou disparadas, a mina é instalada de forma passiva, esperando a vítima acioná-la.

mina terrestre
Ilustração digital de uma mina terrestre (Imagem: Danilo Oliveira/ImageFX)

Elas são geralmente pequenas, cilíndricas ou retangulares, e podem conter desde algumas dezenas de gramas até vários quilos de explosivos. A função é causar dano imediato: mutilações, morte ou destruição de veículos, dependendo da carga e do tipo.

Apesar de seu tamanho compacto, as minas terrestres têm um alcance devastador. Estão entre as armas mais econômicas e persistentes de um arsenal militar, com custo unitário entre US$ 3 e US$ 30, mas consequências humanas incalculáveis.

Como funciona uma mina terrestre?

O funcionamento básico de uma mina terrestre segue o mesmo princípio desde a Segunda Guerra Mundial. Ela é composta por três elementos principais:

  1. Sensor ou gatilho: detecta a presença da vítima. Pode ser um botão de pressão, fio de disparo, sensor magnético ou até um sistema remoto;
  2. Detonador: dispositivo que inicia a explosão quando o gatilho é acionado;
  3. Carga explosiva: o material que causa a destruição, como TNT, RDX ou outros compostos.

Quando o sensor é ativado (por pressão, movimento ou calor), ele aciona o detonador, que provoca a detonação da carga principal. O tempo entre o acionamento e a explosão é praticamente instantâneo.

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Tipos de minas terrestres

Existem dois tipos principais de minas terrestres: antipessoal e antitanque. A diferença entre elas está no objetivo final e na força da explosão.

Mina antipessoal

Projetadas para ferir ou matar seres humanos. São menores, fáceis de ocultar e muitas vezes feitas com plástico para dificultar a detecção. Algumas explodem ao serem pisadas, outras saltam até meio metro antes de detonar, causando mais danos com estilhaços.

Exemplo clássico: mina “Bouncing Betty”, usada pelos alemães na Segunda Guerra Mundial.

Mina antitanque

Destinadas a destruir veículos blindados. São maiores, mais pesadas e requerem mais pressão para ativação (geralmente de 100 kg ou mais). Muitas têm mecanismos de retardo ou sensores magnéticos para garantir que o alvo seja mesmo um veículo.

Exemplo comum: mina TM-46, de produção soviética

A TM-46, uma mina terrestre antitanque de produção soviética (Domínio Público)

Mecanismos de ativação

A tecnologia por trás das minas terrestres evoluiu bastante. Além das clássicas com gatilho de pressão, há diversos métodos de ativação:

Algumas minas modernas combinam vários sensores para evitar desarme.

Como são instaladas?

As minas podem ser colocadas manualmente por soldados ou lançadas por veículos, aviões e até mísseis. A instalação pode ser:

Essa segunda forma torna sua remoção extremamente difícil, gerando zonas mortais mesmo décadas após o fim da guerra.

Soldado do Exército dos EUA numa operação de remoção de minas terrestres. (Imagem: Dominio Público)

O problema das minas não detonadas

Segundo a ONU, há mais de 60 países contaminados por minas terrestres. Angola, Afeganistão, Camboja e Ucrânia são apenas alguns exemplos. O problema é que muitas dessas minas permanecem ativas por anos – ou seja, continuam matando e mutilando mesmo em tempos de paz.

Estima-se que mais de 5.000 pessoas morram todos os anos por explosões acidentais, a maioria civis. Crianças, agricultores e refugiados são as principais vítimas.

Como detectar uma mina terrestre?

A detecção de minas é uma tarefa difícil e perigosa. A maioria dos modelos antigos era feita de metal, o que facilitava o uso de detectores. No entanto, as minas modernas usam materiais plásticos e compostos não metálicos, exigindo outras abordagens:

Apesar dos avanços, ainda é um trabalho manual e demorado. Em alguns países, desminar um campo pode levar décadas.

Como desativar uma mina terrestre?

A remoção segura envolve equipes altamente treinadas. Os métodos incluem:

Em zonas civis, a prioridade é a segurança. Por isso, muitas vezes o campo é isolado até que a área possa ser limpa completamente.

Por que ainda se usam minas?

Apesar de todos os riscos, as minas terrestres continuam sendo usadas. E por um motivo simples: são baratas, fáceis de produzir e eficazes na contenção de inimigos. Em contextos de guerrilha ou defesa de território, elas funcionam como barreiras de acesso.

O problema é o rastro de destruição que deixam. Por isso, mais de 160 países assinaram o Tratado de Ottawa, que proíbe a fabricação e o uso de minas antipessoais. Grandes potências militares como EUA, Rússia e China, no entanto, ainda não aderiram totalmente.

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